"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Good cover versions #48












RED RED MEAT _ "Wishing (If I Had A Photograph Of You)" [Sub Pop, 1995]
[Original: A Flock of Seagulls (1982)]

Com o mote dado pelo pioneirismo dos Human League, os primeiros anos dos "loucos anos oitenta", hoje recuperados até ao enjoo, foram um ver-se-te-avias de sub-produtos em busca dos tais 15 minutos de fama de que falava o outro. À data, acotevelavam-se em terras de Elizabeth II os projectos munidos de um visual estudado e poucas ideias. A coisa tomou tais proporções que até os "padrinhos" de Sheffield renegaram o monstro e apontaram azimutes noutras direcções. Exemplo acabado deste tipo de bandinhas de synthpoppers seguidistas, os A Flock of Seagulls ficaram, sobretudo, conhecidos pelo penteado do vocalista Mike Score, no mínimo espampanante, para não dizer ridículo. Além disso, tiveram uma meia dúzia de hits moderados, até por cá, que sempre foi terra dada a sucedâneos. Talvez o mais badalado tenha sido mesmo "Wishing (If I Had A Photograph Of You)", já tão regurgitado de há uns anos a esta parte que não me merece mais considerações. 
Não é de hoje a tendência de bandas, com outras ambições que não o sucesso instantâneo e fugaz, reinterpretarem este tipo de abjecções. As motivações para tal, a meu ver, podem ser três: diversão pura, tentativa de credibilizar uma canção normalmente maltratada, ou simplesmente o assumir dos guilty pleasures dos "anos formativos". No caso em apreço, desconheço as motivações dos Red Red Meat, uma das bandas interessantes no catálogo da Sub Pop no fase de declínio pós-grunge praticante de um indie-rock com laivos de slowcore e americana, e pontuais guitarras agrestes, com afinidades com os contemporâneos Swell. O que é certo é que esventraram literalmente a "pérola" dos A Flock of Seagulls. Caso o neo-romântico que há em vós supere a barreira dos 30", vai gostar de ouvir a linha melódica (sim, porque estas coisas tinham, invariavelmente, linhas instrumentais trauteáveis e/ou assobiáveis) tratada a golpes de guitarra. Talvez já não sejam tanto do vosso agrado aquelas vozes, de tipos que, provavelmente, gostam de descarregar as agruras do quotidiano no balcão de bar mal afamado.

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