"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ao vivo #25

The Mary Onettes @ MusicBox, 29/09/2008

Nos últimos anos, a Suécia tem sido terreno fértil para a proliferação de bandas que fazem da evocação das memórias pop o seu modus operandi. Aos Mary Onettes é reconhecida a forma hábil com que conjugam os ecos de algum cinzentismo de oitentas (Echo & The Bunnymen, The Cure, e até Joy Division) com alguns sons mais leves, que nos fazem lembrar os noruegueses a-ha. Para que conste, daí resulta uma linguagem muito própria, longe do mero pastiche.
Ao vivo, expandidos a um simpático quinteto, os Mary Onettes são extremamente competentes na forma como executam estas canções escorreitas, às quais não acrescentam nem retiram uma vírgula que seja, proporcionando ao público conhecedor um bom pedaço de serão, sem grandes sobressaltos.
Atendendo às características do espectáculo, e ao facto de se realizar numa segunda-feira, nota positiva também para a organização, pelo pequeno desvio (perfeitamente aceitável) à hora marcada para o início do concerto, e para o público, que acorreu em número considerável.
Parabéns undergravers!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

10 anos é muito tempo #9




















MERCURY REV

Deserter's Songs [V2, 1998]

Foi editado, faz hoje dez anos, um dos discos fundamentais na definição do meu gosto musical. Antes de Deserter's Songs, já os Mercury Rev tinham feito correr muita tinta com os seus primeiros registos, marcados por um psicadelismo de propensão sónica e com uma boa dose de loucura à mistura.
Depois da aclamação inicial, sem qualquer vínculo contratual, a banda viu-se na eminência de entregar a alma ao Criador. Este período de inseguranças e incertezas é, de resto, sintetizado na última frase de "Holes", a faixa que abre o álbum: "bands, those funny little plans, that never work quite right". Em boa hora seriam resgatados pela nova editora de Richard Branson, promotora do disco que constitui seguramente uma das mais radicais reinvenções do universo pop/rock.
Em termos teóricos, Deserter's Songs corresponde à transladação imaginada de uns Pink Floyd da primeira safra - a chamada "fase Syd Barrett" - para o vastidão do great wide open americano. Na prática, estamos perante algo mais do que um mero disco pop, uma espécie de conto de fadas, nocturno e outonal, que convida a olhar o firmamento. Imutável em relação ao passado, mantém-se o assumir do risco, o gosto pela experimentação, mais evidente a cada nova audição desta obra incontornável.
No aspecto técnico, Deserter's Songs demarca-se da "concorrência" pela panóplia de ferramentas de que os seus autores se socorrem: flautas, saxofones, teclados vários, serra tocada com arco, secções de cordas luxuriantes, vocoders, coros celestiais, e tudo o que se possa imaginar para criar um ambiente, no mínimo, idílico. Já o conteúdo lírico, assinala o início da deriva metafísica que tem marcado todos os registos dos Mercury Rev de então para cá.
Os primeiros frutos do caminho desbravado por Deserter's Songs não se fizeram esperar: logo no ano seguinte, os Flaming Lips, velhos companheiros de estrada, punham fim a década e meia de desventuras e semi-obscuridade com o fulgurante The Soft Bulletin; meses depois, os Grandaddy pariam The Sophtware Slump, completando assim a Santíssima Trindade daquilo a que alguém chamou de New Cosmic Americana.
Coincidência ou não, os Mercury Rev regressam hoje às edições discográficas, não com um, mas com dois álbuns: Snowflake Midnight em formato físico, e Strange Attractor para download gratuito.
Correndo o risco de me estar a repetir, gostava que ficassem a saber que devo aos Mercury Rev aquele que é o melhor concerto da minha vida, com hipotética reedição já dentro de dois meses. É precisamente ao vivo que as estranhas ambiências criadas no vídeo abaixo fazem todo o sentido...


"Opus 40"

Hoje há...














... pop quente das terras frias da Suécia no MusicBox.
Um evento com a chancela das boas gentes da Undergrave Productions.

sábado, 27 de setembro de 2008

Going blank again #34














SECRET SHINE

Origem: Bristol (UK)
Período de actividade: 1991-1996; 2004-
Influências: Pale Saints, Lush, Slowdive, Chapterhouse, My Bloody Valentine
A ouvir: All Of The Stars (Clairecords, 2008)

MySpace

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Good cover versions #11










NO AGE "It's Oh So Quiet" (Stereogum, 2008)
[Original: Björk (1995)]

Em boa hora as boas gentes do Stereogum tiveram a ideia de promover o tributo integral ao segundo álbum da carreira a solo da mais famosa de todas as islandesas. Enjoyed: A Tribute To Björk's Post é já a terceira iniciativa deste género levada a cabo por esta rapaziada (depois de OK Computer dos Radiohead e Automatic For The People dos R.E.M.), e é também a mais bem sucedida.
Curiosamente, a melhor das versões deste lote de excelência é uma das duas do conhecidíssimo "It's Oh So Quiet", apresentada no final do pacote, à laia de faixa bónus. Os responsáveis por tal façanha são os geniais No Age, que em breve visitarão o nosso País (YEAH!!!). Nas palavras dos próprios, a dupla californiana tentou contornar as limitações impostas pelo formato duo pelo uso massivo de distorção e overdubs de guitarras e bateria, criando assim um som "cheio", tal como o quase orquestral do original de Björk (na realidade uma adaptação de um tema já existente). Como podem verificar abaixo, o resultado final é uma adulteração saudavelmente ostensiva.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pardon their French

Se são daqueles que, tal como eu, consideram o chamado french touch a maior banhada dos últimos doze anos, terá chegado a hora de deixarem cair o preconceito relativamente à música proveniente de terras gaulesas. É que do hexágono começam a chegar bandas que não comungam da estética papel-de-parede de muitos dos seus conterrâneos, como é o caso destes The Feeling of Love.
Quem os quiser ouvir, há-de verificar que estes rapazes partilham do mesmo espírito transgressor da tríade Pussy Galore - Boss Hog - Blues Explosion. O "bom gosto" fica patente nos títulos de algumas das suas canções sujas e ululantes: "The Right Bitch At The Right Place", "The Rapeman", ou "Fat Bottom Against Fat Bottom".
Andam nisto desde 2005, sempre com poiso no nordeste de França, primeiro em Metz, agora na mais cosmopolita Estrasburgo. De então para cá já gravaram três álbuns, o último dos quais Petite Tu Es Un Hit, editado na primeira metade deste ano.

The Feeling of Love no MySpace

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O céu é o limite

Foto: Andrew Ebrite

Desolation Wilderness
é uma área de paisagem protegida na parte mais interior da Califórnia. Foi este o nome (apropriadamente) escolhido escolhido por Nicolaas Zwart para o projecto que lidera desde 2005, que é, sem qualquer ponta de exagero, a "minha" mais entusiasmante descoberta em tempos recentes.
Informação sobre os Desolation Wilderness (DW) é coisa que não abunda na "rede". No entanto, sabe-se que são originários de Olympia, cidade no estado de Washington com fortes tradições no meio indie-rock (Bikini Kill, Beat Happening, Sleater-Kinney...). Na mesma cidade encontra-se sediada a K Records, lendária editora liderada por Calvin Johnson, que se apresta para lançar White Light Strobing, o segundo álbum de originais do projecto com edição agendada para inícios de Novembro. Em antecipação, podem já escutar meia dezena de temas no MySpace, e constatar as afinidades dos DW com duas bandas muito caras a este escriba, nomeadamente os Galaxie 500 e os Low: a mesma simplicidade de meios, a mesma melancolia ao retardador, os mesmos ambientes soturnos, a mesma devoção pelos sons vintage... Soa tudo tão familiar, mas ao mesmo tempo tão fresco...
Para o mais avassalador dos temas já conhecidos, o realizador Weston Currie criou o suporte visual perfeito:

"Come Over In Your Silver Car" [K, 2008]

10 anos é muito tempo #8












CAT POWER
Moon Pix
[Matador, 1998]



Gravado na Austrália, na companhia de músicos dos Dirty Three, Moon Pix é o quarto álbum de Chan Marshall sob o alias Cat Power. Neste disco, Marshall amansou a raiva, intensificou a melancolia, assumiu a maturidade, e produziu uma obra-prima.
Disco de uma extrema simplicidade formal, Moon Pix encerra em si uma violência emocional inaudita. Maioritariamente acústico, não rejeita alguns adornos aparentemente estranhos, como o sample dos Beastie Boys em "American Flag", e o aparecimento da trovoada em "Say". Embora seja composto por onze temas todos eles capazes de cortar a respiração, convém destacar dos demais o minimalismo gélido de "Cross Bones Style".
Pena que, daqui em diante, com a honrosa excepção de You Are Free, a criatividade da menina - bem bonita, nunca é demais dizê-lo - tenha caído a pique. Precisamente no sentido inverso da exposição mediática.

"Cross Bones Style"

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E eis que é chegada a hora de desligar a televisão...
















Chegou hoje às lojas Dear Science, o terceiro álbum dos nova-iorquinos TV on the Radio (TVOTR), banda que, há coisa de cinco anos, foi responsável por um momento de epifania com o EP Young Liars.
No ano seguinte, estreavam-se em formato longo com Desperate Youth, Blood Thirsty Babes, um excelente disco que não ocultava algum desequilíbrio. O subsequente - e aclamado - Return To Cookie Mountain (2006) abriria portas a uma audiência mais vasta. Inicialmente semi-desiludido com este disco, dei-lhe inúmeras oportunidades em audições repetidas, sempre na esperança de um clique súbito. Porém, com o tempo, passei a olhar para Return... como uma unidade hermética causadora de algum enfado.
No novo álbum, reconhece-se aos TVOTR a vontade de dar o passo em frente. De facto, Dear Science é bastante diferente do seu antecessor: mais arejado, mais "pigmentado", e também mais ecléctico. No entanto, falta a estes onze temas o golpe de asa capaz de me arrebatar. Noto até algumas cedências por parte dos TVOTR aos ditames da "moda", quando costumava acontecer o inverso. A excepção é "Crying", um excelente tema em que o funk dita leis. Das mesmas ferramentas se serve, com resultados bem diferentes, "Golden Age" (que parece ter pilhado a secção rítmica de "Fools Gold" dos Stone Roses), o tema que serviu de cartão de visita a esta obra algo desinspirada.
Na presente data, a totalidade das faixas de Dear Science estão em streaming no MySpace. Oiçam e tirem as vossas conclusões.

domingo, 21 de setembro de 2008

The second life of Brian

Durante décadas de aparições esporádicas, pensou-se que Brian Wilson, um pouco à semelhança de Syd Barrett, era um génio irremediavelmente perdido. Em ambos os casos, o uso de substâncias ilícitas conduziu a um estado de saúde mental debilitado e este, por sua vez, levou à clausura auto-imposta numa fase de pico criativo.
Surpreendentemente, por alturas da viragem do século, começaram a ser frequentes as aparições do mais famoso dos Beach Boys em inspiradas prestações ao vivo. Esta reabilitação culminaria na conclusão de SMiLE (2004), a prometida teenage symphony to God que via finalmente a luz do dia, quase 40 anos após a data inicialmente prevista.
Confirmando a recuperação plena, o novo That Lucky Old Sun (Capitol) apresenta um conjunto de novas composições que certamente irão causar inveja em músicos com um terço da idade (66) de Brian. Num disco em que abundam a melodias solarengas, não faltam as canções mais introspectivas, com várias referências ao "período das trevas" (oiçam-se as sublimes "Midnight's Another Day" e "Do It Again"). Dispensáveis eram os trechos narrativos, cortesia do sempre fiel camarada de armas Van Dyke Parks.
Curiosamente, este disco surge escassos três meses depois da reedição histórica de Pacific Ocean Blue (1977), a obra-prima (e única) do irmão Dennis (desaparecido em 1983). Motivos de sobra para rotularmos 2008 como Ano Wilson.
Na companhia de Brian Wilson, proponho-vos um curto passeio a bordo do táxi negro:

"That Lucky Old Sun" @ The Black Cab Sessions

sábado, 20 de setembro de 2008

Going blank again #33















ASTROBRITE

Origem: Chicago, Illinois (US)
Período de actividade: 1994-1997, 2007-
Influências: My Bloody Valentine, Seefeel, Bowery Electric, Bardo Pond
A ouvir: Whitenoise Superstar (Vynil Junkie, 2007)

MySpace

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

The hitmaker

NORMAN WHITFIELD
(1940-2008)

Longe dos olhares dos media, morreu anteontem, aos 68 anos de idade, Norman Whitfield. Nome que pouco dirá à maioria dos melómanos, Whitfield foi, em parceria com Barrett Strong, um dos compositores ao serviço da "Fábrica de Êxitos" da Motown na segunda metade dos sixties e inícios da década seguinte.
De entre os temas saídos desta parceria, e que também produziu, contam-se clássicos como "Papa Was A Rolling Stone" e "Cloud Nine", ambas dos Temptations, e "I Heard It Through The Grapevine". Este último foi gravado originalmente por Gladys Knight & The Pips, e posteriormente por Smokey Robinson e The Isley Brothers. No entanto, a versão "definitiva" - sempre sob a batuta de Whitfield - seria a do lendário Marvin Gaye, sucesso massivo em 1968.
Em 1979, durante o fervilhante período post-punk, as The Slits gravavam esta frenética versão de "... Grapevine", provavelmente mais do agrado dos visitantes deste blogue.


Lost in Boston

Das cinzas dos Volcano Suns e The Embaressment, duas bandas com créditos relativamente firmados no underground estado-unidense, nasceram em 1985 os Big Dipper. Uma série de concertos na área de Boston, de onde eram originários, despertaria o interesse da mítica (e caótica) editora Homestead, pela qual editariam um mini-álbum e dois LPs. Teriam depois uma curta passagem pela multinacional Epic, pela qual lançaram um único álbum. Já com o quarto longa-duração pronto a ser editado, a banda viu-se sem editora, o que levaria ao abandono de alguns elementos. Este período de instabilidade precipitaria uma morte prematura, facto ocorrido em 1992, sem que aquele disco visse a luz do dia.
Sem terem logrado a exposição dos conterrâneos Throwing Muses, Pixies, ou The Lemonheads, coube aos Big Dipper lançar algumas das bases da melhor música made in USA na primeira metade da década de 1990. Kurt Cobain nunca escondeu a sua paixão pela sonoridade peculiar da banda de Boston, um autêntico jogo de contrastes: guitarras ruidosas e vocalizações celestiais, melodias irresistíveis e ritmos angulares.
Com este valioso catálogo há muito indisponível, a Merge Records teve a feliz ideia de compilar a totalidade do acervo dos Big Dipper referente ao período de ligação à Homestead, ao qual juntou o "álbum perdido". Ao todo, Supercluster - The Big Dipper Anthology reúne 49 temas distribuídos por três discos. Entretanto, o renovado interesse gerado pela edição deste documento indispensável já gerou a reunião da formação original dos Big Dipper, pelo menos para uma curta digressão pelos Estados Unidos.

[Homestead, 1987]

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ao vivo #24

THE GUTTER TWINS @ Santiago Alquimista, 08/09/2008

Depois do cancelamento em finais de Abril último, os senhores Greg Dulli e Mark Lanegan não faltaram ao prometido, e proporcionaram à falange de seguidores lusos a oportunidade de ver o que este novo projecto vale em palco. À semelhança da esmagadora maioria da massa humana que lotou a "fornalha" do Alquimista, este era um concerto que aguardava com expectativas elevadas. No final, ficou uma sensação agridoce, um estado de mixed emotions para o qual contribuíram diversos factores:

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  • À semelhança do que ocorrera em ocasiões anteriores, a sala revelou péssimas condições de acústica (sobretudo nos graves), o que, por vezes, chega a provocar algum desconforto;
  • Perante este cenário, o primeiro contacto com o barítono de Mark Lanegan - na inaugural "The Stations" - chegou a assustar-me;
  • São conhecidos os problemas do ex-vocalista dos Screaming Trees com certas substâncias. No entanto, isso não serve de justificação para a postura de completo alheamento, qual fantasma, a roçar o desrespeito pelo público. Talvez seja sempre assim, mas eu prefiro pensar que não estava nos seus dias;
  • Com pena minha, nos vários desvios que fizeram ao escasso repertório dos Twins, houve uma predilecção pelas composições do senhor supra-citado. Assim, dominaram os tons bluesy, em detrimento das investidas soul de Dulli com as quais sinto maior afinidade.

[+]
  • Visivelmente mais anafado que nos tempos áureos dos Afghan Whigs, Greg Dulli foi, em termos de postura, a antítese do seu comparsa: afável, comunicativo, e com a felicidade estampada no rosto.
  • Para além de assumir as funções de mestre de cerimónias, Dulli chamou a si os momentos de rasgo da noite, nas interpretações apaixonadas de "God's Children" e "Front Street";
  • A voz deste, sem suscitar o fascínio gerado pela do companheiro, revela-se bem mais treinada e expressiva.
  • Os músicos que acompanham o duo, e que parecem resgatados ao passado grunge dos seus "chefes-de-fila", revelam-se uma máquina bem oleada. Nos momentos de maior grandiloquência exibem o virtuosismo bastante para satisfazer os "tecnocratas" mais exigentes.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

R.I.P.

RICHARD WILLIAM WRIGHT
(1943-2008)

Faleceu hoje, vítima de cancro, Rick Wright, teclista e membro fundador dos Pink Floyd. Pese embora o facto de ser o membro mais discreto nos mais de quarenta anos de história da banda britânica, o papel de Wright foi fundamental na composição de alguns dos discos de maior sucesso dos Floyd, precisamente aquelas que lhes valeram algumas justificadas acusações de megalomania. Neste dia triste, preferimos recordar os bons momentos:

Pink Floyd "Interstellar Overdrive" [EMI, 1967]

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Going blank again #32

MAHOGANY

Origem: Detroit, Michigan / Brooklyn, Nova Iorque (US)
Período de actividade: 1995-
Influências: A.R.Kane, My Bloody Valentine, Slowdive, Cocteau Twins
A ouvir: Connectivity! (Darla, 2007)

MySpace

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Já são clientes habituais!

São britânicos mas têm recebido mais acolhimento em solo norte-americano. Chamam-se The Clientele e já cá andam há mais de dez anos a honrar não só as grandes bandas californianas dos sixties (The Byrds, Love, The Monkees), como aquelas que, duas décadas volvidas, lhes deram continuidade (Felt, Orange Juice, The La's, Galaxie 500).
Estranhamente, e apesar de já os conhecer há algum tempo, só recentemente lhes dei a devida atenção. Agora, a paixão é de tal ordem que, de penada e para compensar o tempo perdido, adquiri os três álbuns de originais deste quarteto londrino. Aproveito ainda para lembrar que têm um novo EP - That Night, A Forest Grew, de seu nome - já disponível.

The Clientele no MySpace

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Daqui a pouco...

... no Santiago Alquimista, os senhores Dulli e Lanegan propõem uma visita guiada ao lugares mais recônditos da alma.

The Gutter Twins "Idle Hands" [Sub Pop, 2008]

domingo, 7 de setembro de 2008

Contra-informação














The Wrestler, a nova película de Darren Aronofsky, foi o vencedor do Leão de Ouro na edição de 2008 do Festival Internacional de Cinema de Veneza. Em post publicado naquele que será, porventura, o mais visitado dos blogues portugueses dedicados à cultura popular, ficámos a saber que este filme assinala o regresso de Mickey Rourke, "que há longos anos não fazia cinema". Na edição do Telejornal da RTP 1 de hoje, foge-se à relatividade de um "longos anos" e esclarece-se que The Wrestler marca o regresso de Rourke após 15 anos de afastamento do grande ecrã.
Saudando este regresso, o April Skies, casa pouca dada à preguiça, deixa-vos uma selecção muito pessoal dos trabalhos mais relevantes deste grande actor... de 1998 para cá! Toda a informação sobre cada filme, como os visitantes deste blogue decerto saberão, está à distância de um clique... basta procurá-la!

  • Buffalo '66, de Vincent Gallo (1998)
  • Animal Factory, de Steve Buscemi (2000)
  • Get Carter, de Stephen Kay (2000)
  • The Pledge, de Sean Penn (2001)
  • Spun, de Jonas Akerlund (2002)
  • Once Upon a Time in Mexico, de Robert Rodriguez (2003)
  • Man on Fire, de Tony Scott (2004)
  • Sin City, de Robert Rodriguez (2005)

Back to front

Amanhã de manhã, quando acordar, espera por mim o sempre problemático regresso ao trabalho, depois de 24 dias consecutivos de puro ócio. Para afastar a imagem de uma secretária atolada em serviço por realizar, e todo o negativismo que daí advém, nada melhor do que uma boa dúzia de audições ininterruptas de um tema, por norma, indutor de uma alegria radiante, e que gostaria de partilhar com o meu vasto auditório. Antes, porém, um aviso à navegação: todos vós a quem o dito não eleve a um estado muito próximo do nirvana deverão mostrar alguma preocupação relativamente à natureza do líquido que vos corre nas veias...

The Shins "Kissing The Lipless" [Sub Pop, 2003]

sábado, 6 de setembro de 2008

Going blank again #31

THE DEPRECIATION GUILD

Origem: Brooklyn, Nova Iorque (US)
Período de actividade: 2004-
Influências: Pale Saints, Ride, My Bloody Valentine, Cocteau Twins, Chapterhouse
A ouvir: In Her Gentle Jaws (edição de autor, 2007)

MySpace

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

How to disappear completely

Do extenso rol de discos que prometem animar a rentrée, Boredom, o novo dos Radiohead, destaca-se dos demais. Seguindo a estratégia adoptada para o antecessor In Rainbows, embora com ligeiras alterações, a banda disponibilizará o disco para download integral e gratuito. Para tal, os interessados apenas terão de aceder ao sítio oficial que irá ser criado para o efeito, registar-se, e pagar uma "taxa" de £ 8.98. A grande novidade é que as doze faixas que compõem Boredom foram gravadas em infra-sons, i.e., sons abaixo da frequência de 20 Hz e, por isso, fora da faixa do audível do ouvido humano.
À saída do briefing para apresentação do disco aos media, um jornalista da Rolling Stone congratulava-se com o facto de a voz de Thom Yorke soar como nunca a ouvimos antes. Já a delegação portuguesa, à semelhança do que acontecera com os discos anteriores, foi unânime em considerar este o melhor disco da banda de Oxford desde OK Computer.
Sabe-se ainda que Trent Reznor, mentor dos Nine Inch Nails, mostrou já interesse em seguir o exemplo dos Radiohead em discos futuros. Em ambos os casos, o April Skies aplaude a iniciativa.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Singles Bar #23















BILLY BRAGG
Sexuality [Go! Discs, 1991]

"I've had relations with girls from many nations
I've made passes at women of all classes
And just because you're gay I won't turn you away
If you stick around I'm sure that we can find some common ground

Sexuality - Strong and warm and wild and free
Sexuality - Your laws do not apply to me

(...)

I'm getting weighed down with all this information
Safe sex doesn't mean no sex it just means use your imagination

Stop playing with yourselves in hard currency hotels
I look like Robert De Niro, I drive a Mitsubishi Zero"


Desde muito cedo reconhecido pela imprensa musical como porta-estandarte de um certo sentir britânico, Billy Bragg andou quase sempre desencontrado com as tabelas de vendas. Sem ser um êxito massivo, este primeiro single do álbum Don't Try This At Home poderá ser a maior aproximação ao sucesso na carreira deste cantautor.
Mais do que pelos feitos obtidos no mercado musical, "Sexuality" merece ser lembrado como um dos temas que incendiou as pistas de dança mais esclarecidas no Verão de 1991, momentos antes da eclosão do "fenómeno" grunge. A letra, demonstrativa de uma ironia refinada, é o reflexo de um período em que a falta de informação sobre o "mal do século" era motivo para o tom acusatório de algumas vozes mais conservadoras. Não faltam, obviamente, as alfinetadas de cariz político.
Escrito a meias com o ex-Smiths Johnny Marr, que contribui também na inconfundível guitarra, "Sexuality" conta com a ajuda da habituée Kirsty MacColl (tragicamente desaparecida em 2000) nos coros, como de resto é observável no divertidíssimo videoclip.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A nova luz negra da manhã

Com o álbum homónimo de há dois anos, o duo Brightblack Morning Light (BbML) transportava o psicadelismo segundo as regras dos mestres Spacemen 3 para o cenário de uma América profunda. Aqueles que tiveram o prazer de ouvir BbML - o disco - estarão decerto lembrados do seu efeito desconcertante, indutor de um estado próximo da hipnose.
Para o novo Motion To Rejoin, a Matador Records promete o aprofundar das premissas que fizeram do seu antecessor um disco ímpar, percorrendo sonoridades que vão da folk às electrónicas experimentais. Ficámos também a saber que a gravação decorreu nos confins remotos do Novo México, recorrendo ao Sol como única fonte de energia, ou não estivéssemos perante uma parelha de amantes da Natureza. Sai a 23 de Setembro, mas o aperitivo "Hologram Buffalo" pode já ser escutado e/ou descarregado aqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Magnetismo natural














Em artigo publicado na imprensa, Sam Fogarino, baterista dos nova-iorquinos Interpol, confessava a sua paixão pela música dos Swervedriver. Ao tomar conhecimento deste facto, Adam Franklin, vocalista/guitarrista da banda britânica, recorreu aos contactos de um amigo comum para conhecer o músico norte-americano. Como resultado desse encontro, nasciam os Magnetic Morning.
No único registo que tem editado - um EP homónimo - o duo renega quase em absoluto as estéticas dos colectivos de proveniência, enveredando por uma sonoridade cinemática que, embora fazendo uso da voz, privilegia o aspecto instrumental de cada tema. Segundo se sabe, esta aventura conhecerá novos desenvolvimentos ainda este ano, com a edição do álbum de estreia, o qual terá sido gravado durante o mês findo.

Magnetic Morning no MySpace

Rentrée Super-Pop-Limão

De volta às lides e logo com a notícia de um dos concertos mais desejados por estas paragens: depois da desilusão de não os poder ver na última edição do Paredes de Coura, os Lemonheads regressam a Portugal para um concerto único a 24 de Outubro no Santiago Alquimista, em Lisboa. Nesta ocasião, espera-se que Evan Dando e sus muchachos apresentem alguns temas do novo álbum de originais com lançamento previsto para finais deste ano ou inícios do próximo, sucessor do excelente disco homónimo de há dois anos, infelizmente votado a uma indiferença quase criminosa.
Para já, os Lemonheads têm pronto a editar (13 de Setembro) o mais que previsível disco de versões. Produzido por Gibby Haynes (dos Butthole Surfers), e contando com as colaborações de Liv Tyler e Kate Moss, Varshons apresenta uma dezena de temas de gente tão diversa como Leonard Cohen, GG Allin, Wire, Gram Parsons, Townes Van Zandt, ou Christina Aguilera!
Já agora, e em jeito de recordação, desfrutem de uma das muitas versões criadas por esta banda de Boston. Como facilmente perceberão os conhecedores do melhor cinema francês, o vídeo não é oficial.

"Luka" [Taang!, 1989]