"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #1

SLEATER-KINNEY The Woods (Sub Pop, 2005)

Quando as Sleater-Kinney iniciaram a sua actividade, no ano de 1995, o movimento riot grrrl dava já sinais de algum esgotamento, pelo que o trio de Olympia parecia condenado ao fracasso. No entanto, com uma abordagem diferente de bandas como Babes in Toyland, Bikini Kill ou Hole, com menos "deboche" e um som ligeiramente mais "punkóide", as S-K conseguiram conquistar o seu espaço através de canções curtas, directas e de um feminismo não excessivamente militante. Por volta de 1997, ano do álbum Dig Me Out, o culto restrito conheceu novos aderentes. Apesar do crescimento gradual desse mesmo culto a cada novo disco, a banda nunca conseguiu realmente chegar a um novo patamar. Até que, chegado o ano de 2005, assinam pela Sub Pop (até então editavam pela Kill Rock Stars) que iria lançar The Woods, sétimo disco de originais, embalado num digipack belíssimo, e obra onde a gritaria e cacofonia são elevados ao estado de arte maior. A produção ficou a cargo de Dave Fridmann (Mercury Rev, The Flaming Lips, Mogwai), que levou o som da banda a paragens "progressivas", não no sentido lato da palavra, obviamente, mas mais na coesão entre as canções e maior tempo de duração destas (Let's Call It Love chega aos 11 minutos!). A abrir surge logo o devastador The Fox, espécie de fábula sobre as "tricks of love". Wilderness e What's Mine Is Yours falam das venturas e desventuras da vida a dois, e Let's Call It Love da vida de solidão e encontros casuais. Por sua vez Modern Girl, um dos momentos mais serenos, é a "Irish sea shanty" onde as S-K falam da afirmação pelo consumo. Em Entertain desancam na TV dos reality shows e da recuperação/reciclagem ad nauseum de um passado mais ou menos recente. Mas o momento mais alto do disco é Jumpers: sendo a faixa mais acessível em termos sonoros, consegue ser a mais intensa e dramática em termos líricos. Corin Tucker e Carrie Brownstein cantam em coro e na primeira pessoa todo o trajecto de uma jovem até uma ponte onde pretende dar o "salto final". Já perto do final da canção há um momento arrepiante quando, já após o salto, cantam "four seconds was the longest wait". Uma canção sufocante, desesperada, mas bela, muito bela!
Depois da aclamação crítica e da subida a uma "nova divisão", traduzida numa bem sucedida digressão, e quando ninguém esperava, no Verão de 2006, caiu a bomba: as Sleater-Kinney acabaram. O fim foi oficializado como um "hiato indefinido". Vamos ter fé...

1 comentário:

Shumway disse...

Pode ser que agora recebam o reconhecimento que sempre mereceram.
Para complementar a tua excelente apreciação do disco, posso acrescentar que ao vivo são extraordinárias. Tive a felicidade de ver um concerto de 2002, e para além dos originais da banda, tocaram algumas versões fantásticas (B-52's, Jefferson Airplane).
Abraço