"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

EM ESCUTA #1

CURSIVE
Happy Hollow (Saddle Creek, 2006)

O primeiro pormenor de bom gosto do quinto álbum de originais do Cursive surge logo na capa: aproveitando a coincidência do nome do disco a banda faz uma oportuna espécie de plágio/homenagem a Pills'n'Thrills'n'Bellyaches, obra maior dos Happy Mondays em 1990.
Provenientes da pequena cidade de Omaha, no Nebraska, os Cursive são parte integrante da prolífica cena local ligada à Saddle Creek, editora da qual Conor Oberst é um dos patrões, e que acolhe ainda projectos tão díspares como Bright Eyes (obviamente), Azure Ray, The Faint, ou Now It's Overhead, que não raras vezes colaboram entre si.
Tratando-se de um disco conceptual, tendo como pano de fundo a inadaptação ao progresso da pequena cidade (Omaha), quer ao nível pessoal, que ao nível das relações, Happy Hollow é um passo em frente na carreira da banda ao incorporar uma omnipresente secção de sopros que confere ao todo um ligeiro toque jazzy. Esta experiência já tinha sido aflorada em The Ugly Organ, o registo anterior, mas conhece agora a sua plenitude. Um disco complexo, tanto ao nível das palavras como da música, Happy Hollow tem no seu primeiro single, "Dorothy At Forty", o retrato perfeito: guitarras em constante pára-arranca e a versátil voz de Tim Kasher, ora gritada, ora em falsete, a falar-nos dos sonhos da juventude que não se realizaram. Faixa de grande lirismo, "Retreat!" é simultaneamente o tema mais forte e mais belo do disco: em jeito metafórico Kasher aponta o dedo acusador a alguém que abandonou a luta para não mais a retomar, numa clara alusão ao Messias.
Pese embora o facto de o angst juvenil já ter encontrado a materialização perfeita num certo personagem há mais de 15 anos, Happy Hollow é ainda assim um execelente disco dirigido a pessoas jovens que procuram na música algo mais do que os lugares comuns do emo, e a pessoas menos jovens sem pruridos em relação a sons mais carregados de adrenalina. Oiçam sem preconceitos! É o que eu tenho feito de forma obsessiva há pelo menos duas semanas...

2 comentários:

Joe disse...

A capa é genial, para quem (como eu) seja viciado em citações. Se a qualidade deste disco estiver perto das do citado...

M.A. disse...

Hey Joe!
É óbvio que este disco não é tão bom como o citado. Mas é bom na mesma. Acima de tudo, é diferente.