"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ao vivo #107


















Public Image Ltd. @ Casa da Música, 22/06/2013

Posso estar enganado, mas arrisco afirmar que os principais motivos para a forte afluência de público à Casa da Música terão sido essencialmente dois: a presença da "outra" banda de John Lydon depois dos Sex Pistols, e os hits moderados desses mesmos Public Image Ltd. em meados de oitentas. Isto sem esquecer os preços convidativos dos bilhetes, algo pouco usual por cá. Postas as coisas deste modo, até parece que os PiL não foram formados por Lydon como reacção aos Pistols (e principalmente a Malcolm McLaren), e que o seu principal legado não reside no primeiro par de álbuns, quando Keith Levene e Jah Wobble ainda militavam no colectivo, do mais revolucionário e influente da música popular desde finais de setentas para cá. Repito que posso estar enganado, mas foram impressões que ficaram das conversas alheias  e das reacções do público aos diferentes temas.

Sem o excelso guitarrista de então, assim como sem o baixista que fez nome a solo, Lydon socorre-se de uma formação de membros resgatados às diferentes reencarnações dos PiL. Pelo que vimos no sábado, e principalmente pelo que víramos num destes Primaveras, não se pode dizer que esteja mal acompanhado, já que estes se revelam músicos competentes, embora sem o rasgo de génio dos companheiros originais. Mas não é por isso que deixam de percorrer um alinhamento abrangente, incluindo os temas mais significativos daqueles dois discos essenciais. Os resultados da execução merecem, no entanto, uma apreciação algo dividida. Se num primeiro instante podemos desculpar os PiL do baixo volume do som, não sei se por inépcia do técnico responsável (começa a tornar-se um mau hábito...), se por opção dos senhores xoninhas da CdM, temos de lhes apontar o facto de os temas apresentados soarem demasiado semelhantes entre si. As razões para tal serão duas: os maneirismos vocais de John Lydon, com o habitual efeito da projecção da voz, e o protagonismo dado à pulsão do baixo. Por outro lado, esta última opção tem como ganho o realçar do apelo dançante da música dos PiL, algo que rendeu carreiras de milhões a muita boa gente ligada àquela coisa do neo-post-punk

Ao fim de quase duas de concerto, penso que esta opinião dividida é também a da maior parte do público, pelo menos tendo como fonte mais algumas das conversas acidentalmente ouvidas. Numa noite de dualidades, o próprio John Lydon, principal estrela da companhia, esteve em dois modos: ora com uma cordialidade que o tem caracterizado nos últimos tempos (não sabemos se com algum cinismo à mistura), ora com amostras da aplaudida irascibilidade que era imagem de marca de outrora.

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