"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ooh la la

















Vivemos, indiscutivelmente, um período de reciclagem de vários passados, mais ou menos distantes consoante os casos. Neste espírito de nostalgia, as diversas expressões musicais conotadas com o psicadelismo estão na ordem do dia, mormente na Califórnia de origem, mas também um pouco espalhadas pelo globo. Seguidores desta tendência, os Allah-Las vêm, por acaso, da terra de adopção da coisa, mais precisamente de Los Angeles. Segundo reza a história, estes quatro rapazes trabalharam todos eles numa loja de discos, na qual foram sujeitos a uma dieta musical diária à base da compilação Nuggets original e de alguns produtos similares, o que acabaria por se reflectir na música que produzem. De tal forma imersos na década de sessentas, e para que não restem dúvidas quanto a tal, contam que o nome da banda faz referência às históricas Shangri-Las.

Com tais propósitos, seria expectável Allah-Las, o álbum de estreia lançado há um par de meses perante o júbilo de muitos e a indiferença de outros tantos, fosse um mergulho nos bons velhos sixties. Com efeito, a dúzia de temas que o compõem, registados sem qualquer espécie de efeitos como que a querer atestar uma maior autenticidade, é uma espécie de súmula dos sons west coast e da british invasion que, há quase cinco décadas, faziam as delícias de uma boa fatia da juventude norte-americana. Ao longo da audição são facilmente detectáveis ecos de The Byrds e The Animals no seu estado mais pop, ou dos Stones da sua fase ainda imberbe. Como curiosidade, há até um tema (instrumental) com pitadas de tropicalismo bossanova. Porém, a marca mais vincada em Allah-Las é a do psych-garage, com assumida reverência pelos primeiros Love, pelos Count Five, e pela Chocolate Watchband. A fidelidade a essas referências é tal que me chego a questionar se o mundo precisa destas canções quando já tem os "originais". O cepticismo dissipa-se quando me deixo embrenhar nos temas solarengos dos Allah-Las, danadas de catchy e com alto teor melódico.

 
"Tell Me (What's On Your Mind)" [Innovative Leisure, 2012]

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