Barn Owl + Riccardo Wanke @ Galeria Zé dos Bois, 25/10/2012
De há meia dúzia de anos a esta parte, a dupla californiana Barn Owl tem constituído uma das mais interessantes aventuras da música "out there" norte-americana, com uma insólita proposta situada na confluência do drone com a tradição firgerpicking que vai de John Fahey aos Six Organs of Admittance. Uma proposta que, ao vivo, se transfigura em algo de diverso sem que, no entanto, renegue em absoluto a matéria da qual se faz a obra gravada. Apresentando uma única peça no concerto da ZdB, preparam o ambiente dando primazia à componente electrónica, numa progressão que rapidamente evolui para um mantra hipnótico. Sobre este tapete sonoro, as guitarras vão ocupando o seu lugar. Primeiro, o elemento colocado do lado direito vai extraindo algumas pinceladas das impressões deixadas em disco. Só depois, por cortesia do elemento à esquerda, munido de uma Fender Straocaster e um generoso jogo de pedais, somos surpreendidos com algumas incursões ao universo dos Pink Floyd de diversas fases. A referência passa, inclusive, pela postura em palco, em muito semelhante à de David Gilmour. Conjugando habilmente elementos de proveniências diversas, e servidos de um som portentoso, tanto no volume como na equalização, os Barn Owl acabaram por brindar aqueles que tiveram a ousadia de se deslocar à ZdB em noite de semana com uma viagem feita aos sons e de sons que convidam ao alheamento. Aposta-se já que voltarão em breve.
Em jeito de aquecimento, o português Riccardo Wanke apresentou uma demonstração da sua exploração electrónica, difícil de arrumar em qualquer rótulo ou sub-género. Ficou ainda patente alguma verdura na sequenciação das diferentes texturas, com progressões algo abruptas, e uma insistência a roçar o incomodativo dos sons metálicos. No entanto, pressentem-se algumas ideias interessantes se, futuramente, forem exploradas com outra experiência e ousadia.
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