"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Good cover versions #69












NADJA _ "The Sun Always Shines On T.V." [The End, 2009]
[Original: a-ha (1985)]

The Sun Always Shines on TV by Nadja on Grooveshark

Nos tempos que correm, a miscigenação de géneros e de "tribos" já não choca ninguém que tenha uma mente minimamente aberta. Se recuarmos no tempo, aí uns bons vinte anos, seria impensável ver shoegazers e "metaleiros" partilharem os mesmos gostos, quanto mais os mesmos espaços ou até coexistir no mesmo indivíduo. É precisamente da confluência dessas duas sensibilidades musicais, então inconciliáveis, que têm surgido de há uma década a esta parte alguns interessantes projectos, mormente pela incorporação do shoegaze em habitat metal. Consoante os casos, as catalogações têm designações variáveis como post-metal, drone-metal ou, inevitavelmente, metal-gaze.

Na linha da frente desta tendência está Aidan Baker, músico canadiano que durante algum tempo foi o único elemento dos Nadja, actualmente uma dupla na qual se lhe junta Leah Buckareff. Da extensa obra gravada e editada pelo projecto faz parte um álbum integralmente composto de versões de canções alheias. Dada a gravitação estética dos Nadja, no alinhamento desse disco, surpreende mais a inclusão de um original do malogrado Elliott Smith do que, por exemplo, temas da autoria de My Bloody Valentine, Codeine, Slayer, Swans, ou até The Cure. Mas, totalmente inesperada é a versão de "The Sun Always Shine On T.V.", original do trio norueguês a-ha. Mais do que uma revisão, trata-se de uma verdadeira apropriação, tal a radicalidade com que os Nadja interpretam este tema. Atendendo às características do original, talvez o mais leve e melódico do incluídos no alinhamento, é neste tema que mais se faz sentir a toada arrastada que propicia uma espécie de ambient negro e monolítico. Sob um espesso manto de guitarras submetidas ao tratamento de mil efeitos, a voz surge completa completamente afogada na mistura final. A haver algum traço de reconhecimento do original, talvez ele se encontre no refrão, mais pela citação do título do que propriamente por qualquer tentativa de reproduzir aquele luminosidade juvenil, vagamente melancólica, na qual os a-ha se especializaram no seu período de maior esplendor, na segunda metade de oitentas.

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