Um pouco à semelhança de Nathan Williams (Wavves) ou do malogrado Jay Reatard, Ty Segall é um daqueles putos americanos que combatem o tédio com uma hiperactividade estonteante no que respeita a edições discográficas. Depois de uma catrefada de discos de confecção caseira nos vários formatos, no ano passado, brindou-nos com o álbum Goodbye Bread, um óptimo registo significativamente mais "limpo" que os esboços toscos dos anteriores. Neste, os impulsos garage abriam espaço para alguns laivos glam que denunciavam apreço por Marc Bolan. Também na progressão rumo a um formato de canção mais escorreita, o percurso de Segall é em tudo semelhante ao daqueles dois outros ícones do novo lo-fi.
Já no decurso do corrente ano, Ty Segall uniu-se a White Fence, que é como quem diz Tim Presley, outro puto californiano hiperactivo, para editar Hair. Neste trabalho conjunto, que tem rodado com alguma insistência por estas paragens, a dupla oferece um conjunto de temas em que o garage e o psych dão as mãos num autêntico puzzle que desafia o ouvinte pelas estruturas pouco ortodoxas de cada faixa. Ainda mal refeito do último assalto sónico, saído há escassos dois meses, sei que Ty Segall tem nova investida prevista para a próxima semana. O novo álbum chama-se Slaughterhouse e é creditado à Ty Segall Band, já que, tal como as duas outras duas luminárias referidas, também o nosso jovem intrépido se viu na necessidade de se fazer acompanhar de uma banda completa para fazer face ao número crescente de solicitações para concertos. A amostra infra faz-nos crer que a feitura de canções dignas desse nome é tendência para continuar. Basta que se descortine a pop borbulhante de travo clássico que se oculta por detrás das barreiras de eco e reverberação.
Ty Segall & White Fence _ "I Am Not A Game" [Drag City, 2012]
Ty Segall Band _ "I Bought My Eyes" [In The Red, 2012]
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