Julia Holter @ St. George's Church, 27/06/2012
Aquando do seu anúncio inicial, o concerto de anteontem estava programado para o espaço exíguo da ZdB. Depois da experiência vivida, tenho a dizer que, em boa hora, as gentes daquele espaço do Bairro Alto transferiram a coisa para a igreja anglicana para os lados da Estrela. A mudança, não só permitiu o acesso a público em maior número e com outra comodidade, como encontrou o ambiente perfeito para a proposta musical muito peculiar de Julia Holter. E ainda, com o benefício de, ao contrário do se previa à partida, o espaço dispor de óptimas condições de acústica.
Se a audiência, em número de cabeças apreciável, estava à partida conquistada, diria que, após pouco mais que um minuto, estaria completamente rendida. Para tal, bastaram apenas os primeiros sons saídos das cordas vocais de Julia, dona de uma voz significativamente mais expressiva e poderosa do que os registos em disco deixam adivinhar. Com ela vêm um baterista e um violoncelista, qualquer um com participações discretas que tentam apenas sublinhar um dos muitos pormenores escondidos nos interstícios de cada tema. As atenções vão todas para a pequena "diva", ela que, talvez derivado da tenra idade revela algum nervosismo, expresso tanto nos tiques do menear da cabeça, como nos gestos exagerados ao mover os dedos nas teclas. E como jovem emociona-se e impressiona-se com a imponência do local, tal como fez questão de deixar escapar naquele abrir de braços enquanto descia para o mais que desejado encore. Porém, em Julia Holter, com a juventude, contrasta uma lucidez inabalável que faz do concerto da passada quarta-feira algo de semi-conceptual ou, pelo menos, um espectáculo de alternância de tons: primeiro a luminosidade, depois as trevas, para um final de regresso à claridade. O público, rendido à solenidade do local e ao intimismo da música, e toldado no jogo de nuances, guarda o silêncio reverencial que as circunstâncias exigem. No final, todos saem com a certeza de ter presenciado algo de único nesta capital em que pouco de realmente relevante acontece.
Se a audiência, em número de cabeças apreciável, estava à partida conquistada, diria que, após pouco mais que um minuto, estaria completamente rendida. Para tal, bastaram apenas os primeiros sons saídos das cordas vocais de Julia, dona de uma voz significativamente mais expressiva e poderosa do que os registos em disco deixam adivinhar. Com ela vêm um baterista e um violoncelista, qualquer um com participações discretas que tentam apenas sublinhar um dos muitos pormenores escondidos nos interstícios de cada tema. As atenções vão todas para a pequena "diva", ela que, talvez derivado da tenra idade revela algum nervosismo, expresso tanto nos tiques do menear da cabeça, como nos gestos exagerados ao mover os dedos nas teclas. E como jovem emociona-se e impressiona-se com a imponência do local, tal como fez questão de deixar escapar naquele abrir de braços enquanto descia para o mais que desejado encore. Porém, em Julia Holter, com a juventude, contrasta uma lucidez inabalável que faz do concerto da passada quarta-feira algo de semi-conceptual ou, pelo menos, um espectáculo de alternância de tons: primeiro a luminosidade, depois as trevas, para um final de regresso à claridade. O público, rendido à solenidade do local e ao intimismo da música, e toldado no jogo de nuances, guarda o silêncio reverencial que as circunstâncias exigem. No final, todos saem com a certeza de ter presenciado algo de único nesta capital em que pouco de realmente relevante acontece.
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