"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 24 de junho de 2012

Ao vivo #87
















Josh T. Pearson @ Teatro Maria Matos, 22/06/2012

Nunca tive a oportunidade de ver os Lift to Experience em palco, mas imagino que os concertos fossem algo de incendiário, mesmo que os seus músicos (talvez) não fossem crentes de todas as profecias bíblicas que as canções versavam. À falta dessa feliz ocasião, tal foi a fugacidade daquela banda genial, congratulo-me por este ensejo de me cruzar com Josh T. Pearson, o seu mentor que recentemente ressuscitou de um percurso errático e até traumático.

Com uma proposta radicalmente diferente, integralmente acústica, Pearson também faz questão de jogar no contraste, relativizando o peso das canções, de um profundo cariz pessoal, com tiradas de um humor cáustico que solta nos intervalos entre as mesmas. De maneira que, a dada altura, sentimo-nos algo confusos se estamos perante um concerto de música dolente de matriz country, se perante um espectáculo de stand-up comedy. É um jogo perigoso, que a bem da reputação do próprio convém que não se perpetue, mas por ora resulta a bem da ligeireza de um concerto que, de outra forma, poderia ser mais penoso.

Quanto às canções propriamente ditas, são interpretadas com a entrega que elas exigem, deixando libertar toda a mágoa de quem as compôs. A voz, que nos primeiros instantes não surge devidamente equalizada, é a mesma dos velhos calejados da country, com uma série de nuances e uma limpidez que assusta pela clareza das palavras duras de dor. Mas é no manejo das seis cordas que mais me concentro. Neste particular, Pearson é dono de uma técnica apurada, com uma destreza de dedos que deixa leigos como nós boquiabertos. 

No pós-concerto, e ultrapassada a fase "a quente" dos rabiscos nos bilhetes e as palmadinhas nas costas, Pearson deixa cair a capa de comediante subversivo, e demonstra que também consegue conviver com humanos como nós em conversas mundanas. Agora, é aguardá-lo para próxima visita, de preferência na sua outra "versão" - a eléctrica. Com ou sem número humorístico, tanto faz...

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