SURF CITY _ Kudos [Arch Hill, 2010]
Com a lendária Flying Nun numa espécie de stand-by, tornam-se difíceis a descoberta e divulgação de novas bandas surgidas na Nova Zelândia. Há raras excepções, como o caso destes Surf City, revelados há 2/3 por um EP homónimo que, nas sonoridades, fazia jus ao nome (inspirado num velhinho tema dos Mary Chain) da banda. Para a estreia em formato longo há uma mudança de azimutes, agora apontados para as memórias da melhor música daquele país das antípodas, bem expressas na evocação de um som indie chocalhado e vagamente psicadélico, tal como antes professado por The Clean e The Chills dos primórdios. Depois do frenesim inicial, Kudos intensifica o mergulho psych na segunda metade. As duas partes são delimitadas pelo inesperado devaneio à la Animal Collective de "Yakuza Park", número que, felizmente, não conhece repetição. [8]
WEEKEND _ Sports [Slumberland, 2010]
Disco associado à Slumberland Records sugere, habitualmente, inocência twee e melodias solarengas. Na facção tensa, a editora de Washington, D.C. já nos tinha oferecido o cinzentismo dos Crystal Stilts, mas nada que nos preparasse para a negritude opressiva destes Weekend, trio californiano com um pé na pulsão post-punk e outro no shoegaze mais austero. Parentes dos A Place to Bury Strangers, menos rítmicos e mais monolíticos, citam amiúde o minimalismo e as vozes imersas dos Joy Division, a batida marcial dos Killing Joke, e as camadas de distorção e delay dos My Bloody Valentine. Mais do que a mera soma das partes, Sports é um mergulho num fascinante, e muito peculiar, mundo de sombras. [8,5]
THE BLACK ANGELS _ Phosphene Dream [Blue Horizon, 2010]
Para os Black Angels o mundo parou em 1967. O colectivo texano habita um universo psicadélico (e psicótico), expresso nas magníficas capas que têm dado à estampa, no qual integra a rebelião contra as forças opressoras. Para eles, os conflitos armados do presente são reencarnação da geração que viveu o Vietname. Para além de uma nova editora, neste terceiro álbum reservam pequenas operações de cosmética, tais como o menor protagonismo dado à drone machine e o vincar do pretensiosismo messiânico que o vocalista Alex Maas herdou de um tal Jim Morrison. Denota-se também um certo apelo por um primitivismo que remete para uma América profunda. Sem ser um mau disco, Phosphene Dream padece da falta de novidades. Recomenda-se sobretudo a iniciados e desaconselha-se aos restantes. [6]
THE INTELLIGENCE _ Males [In the Red, 2010]
Com renovado interesse por parte das novas gerações, o garage-rock tem procurado manter vivo o espírito primordial do rock'n'roll, algo que implica fisicalidade e muita transpiração. São constantes os relatos de concertos ultra-enérgicos proporcionados por bandas cultoras do género. Em disco, porém, escasseiam as ideias que fujam da norma instituída. As excepções surgem a espaços, como é o caso destes The Intelligence, projecto pessoal de Lars Finberg que, antes daqui chegar, já contava com uma mão cheia de álbuns sob a mesma designação. O que diferencia Fingberg de muitos dos seus pares é a capacidade para urdir canções orelhudas sem abdicar dos riffs insidiosos e da atitude transgressora. As letras são inteligentes, profusamente irónicas, e tão subversivas quanto manda a cartilha. Longo de apenas 25 minutos, Males é um compêndio de breves estilhaços pop-punk que sacode o corpo sem misericórdia. [7,5]
WARPAINT _ The Fool [Rough Trade, 2010]
Quatro jovens angelinas, bonitas e sonhadoras, relativamente talentosas, são estas as Warpaint, motivo de crescente buzz junto de imprensa e público. Se no EP de baptismo a receita de harmonias vocais e guitarras delicadas proporcionava um breve momento de retemperadora pacificação, na prova de fogo de The Fool, a extensão do disco arrasta-nos para um relativo torpor a meio da audição. Como fruto abastardado da união dos Cocteau Twins e dos The Sundays, os nove temas que o compõem primam por uma contenção quase infantil que carece do gene dramático dos progenitores, algo que parece espreitar a cada recanto mas que rapidamente se dilui nas melodias em círculo. [6,5]
THE BLACK ANGELS _ Phosphene Dream [Blue Horizon, 2010]
Para os Black Angels o mundo parou em 1967. O colectivo texano habita um universo psicadélico (e psicótico), expresso nas magníficas capas que têm dado à estampa, no qual integra a rebelião contra as forças opressoras. Para eles, os conflitos armados do presente são reencarnação da geração que viveu o Vietname. Para além de uma nova editora, neste terceiro álbum reservam pequenas operações de cosmética, tais como o menor protagonismo dado à drone machine e o vincar do pretensiosismo messiânico que o vocalista Alex Maas herdou de um tal Jim Morrison. Denota-se também um certo apelo por um primitivismo que remete para uma América profunda. Sem ser um mau disco, Phosphene Dream padece da falta de novidades. Recomenda-se sobretudo a iniciados e desaconselha-se aos restantes. [6]
THE INTELLIGENCE _ Males [In the Red, 2010]
Com renovado interesse por parte das novas gerações, o garage-rock tem procurado manter vivo o espírito primordial do rock'n'roll, algo que implica fisicalidade e muita transpiração. São constantes os relatos de concertos ultra-enérgicos proporcionados por bandas cultoras do género. Em disco, porém, escasseiam as ideias que fujam da norma instituída. As excepções surgem a espaços, como é o caso destes The Intelligence, projecto pessoal de Lars Finberg que, antes daqui chegar, já contava com uma mão cheia de álbuns sob a mesma designação. O que diferencia Fingberg de muitos dos seus pares é a capacidade para urdir canções orelhudas sem abdicar dos riffs insidiosos e da atitude transgressora. As letras são inteligentes, profusamente irónicas, e tão subversivas quanto manda a cartilha. Longo de apenas 25 minutos, Males é um compêndio de breves estilhaços pop-punk que sacode o corpo sem misericórdia. [7,5]
WARPAINT _ The Fool [Rough Trade, 2010]
Quatro jovens angelinas, bonitas e sonhadoras, relativamente talentosas, são estas as Warpaint, motivo de crescente buzz junto de imprensa e público. Se no EP de baptismo a receita de harmonias vocais e guitarras delicadas proporcionava um breve momento de retemperadora pacificação, na prova de fogo de The Fool, a extensão do disco arrasta-nos para um relativo torpor a meio da audição. Como fruto abastardado da união dos Cocteau Twins e dos The Sundays, os nove temas que o compõem primam por uma contenção quase infantil que carece do gene dramático dos progenitores, algo que parece espreitar a cada recanto mas que rapidamente se dilui nas melodias em círculo. [6,5]
1 comentário:
Warpaint em registo longa duração foram realmente uma desilusão. Os Surf City em registo LP também não me cativaram tanto como no EP que referes de há uns anos atrás. mas ainda preciso prestar a devida atenção ao disco. Os Weekend apreciei deveras nas primeiras audições, mas depois satura. Black Angels só ouvi por alto e parece que nada acrescentam ao que já tinham dado antes ao mundo. Mas tenho um fã acérrimo na família que já me tentou vender o produto. Este novo dos Intelligence ainda não passou por aqui. Mas o Fake Surfers foi apreciado por aqui quando foi lançado.
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