"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Good cover versions #28









NIRVANA "Love Buzz" [Sub Pop, 1988]
(Original: Shocking Blue, 1969)

Em Haia, na Holanda, surgiram em finais da década de 1960 os Shocking Blue, uma banda alinhada com os sons da pop psicadélica que chegavam de São Francisco, em particular com os Jefferson Airplane, com os quais eram insistentemente comparados. Tinham até uma vocalista - Mariska Veres - cuja beleza exótica rivalizava com a de Grace Slick. Fora da terra natal, alcançaram sucesso considerável com "Venus", o mesmo tema que anos mais tarde daria a fama às Bananarama.
Deles é também o original daquele que viria a ser o primeiro single da então desconhecida banda do underground norte-americano que, poucos anos mais tarde, e para o bem e para o mal, mudaria para sempre a face da indústria musical. Estranho, no mínimo, se atentarmos que a América pós-hardcore era, por norma, avessa à imagética do flower power. Apesar das adaptações na letra para um intérprete masculino, os Nirvana mantêm a estrutura original de "Love Buzz" intacta. Contudo, a pulsão constante do baixo de Krist Novoselic e a voz alienada de Kurt Cobain são o bastante para radicalizar a versão. Já o interlúdio de sitar do original, é aqui suprimido e reduzido a um breve devaneio guitarrístico.
Há pouco tempo, em conversa com um conhecido que julgo musicalmente esclarecido e conhecedor da obra dos Nirvana, descobri que, à semelhança de muitas outras pessoas, ele desconhecia que "Love Buzz" não era um original dos Nirvana. Para que não restem dúvidas, hoje, e a título excepcional, apresentam-se versão e original.


Nirvana


Shocking Blue

9 comentários:

strange quark disse...

De facto o original tem claras reminiscências dos Jefferson. Perfiro-a à dos Nirvana (questão de gostos). Quanto à Venus, em casa dos meus pais, era eu um gaiato, lembro-me de ouvir insistentemente esse single (destes Shocking Blue). Aliás, qualquer dia trago de casa dos meus pais esses singles todos antes que acabem mal em algum sítio obscuro. A capa tinha a imagem da Venus de Milo em tons rosa avermelhado. Um clássico.

abraço

eduardo disse...

São ambas boas e o "Venus" roda quase sempre nos meus dj sets.

M.A. disse...

Eu também acho, Eduardo. E, já agora, qual preferes, a Mariska ou a Grace Slick? :)

Ó Mário, ainda me hás-de explicar essa tua embirração com os Nirvana...

Abraços

eduardo disse...

venham as duas :-)

GM disse...

Nasceu o ARTE DO SOM
Aqui: http://aartedosom.blogspot.com/

O Puto disse...

Só há poucos anos me inteirei da obra dos Shocking Blue, dos quais conhecia apenas o "Venus", e também fiquei algo surpreso por saber que o "Love Buzz" era deles.

strange quark disse...

Eu não embirro com nada... simplesmente tenho esta tendência para ser um bocado do contra no que diz respeito a certas bandas que são elevadas aos píncaros. Vejamos, em termos de embirração, aqui vão 4 de monta: Beatles, The Sex Pistols, Ramones e Nirvana. Vês? Logo os teus marcos musicais preferidos. :)

Agora por partes:
Beatles: há sempre aquela tendência, quando se é puto, de menosprezar o que é antigo. Claro que isso me passou, mas gosto imenso de brincar ainda hoje com a situação.

Ramones: quando andava no liceu e estes gajos batiam com o Rockaway Beach e a Sheena, eu achava piada à coisa, mas a cena de fazer música com 4 acordes e a despachar achava bastante pobre. Vejamos, o conceito em si é defensável, como arte se quisermos e como filosofia, mas como exploração não deixa de ser pobre. Para os ditos serve para os referenciar como uma banda importante, mas para o que se seguiu com quem os seguiu continua a ser pobre. É que combinações de 4 acordes com uma série de ritmos deixa pouco espaço à diversidade.

The Sex Pistols: mais uma vez, a importância está no corte com o establishment, não na essência da música em si, que não acho assim tão boa quanto isso. Para além disso, tenho a nítida sensação que foram bonecos nas mãos do Malcolm e o que lhes estava por detrás tinha menos a ver com a mensagem que queriam passar do que se julga.

Nirvana: Já os apanhei tarde e o que veio com a morte do Kurt não ajudou. No entanto, comprei o CD deles na MTV que me fez olhar para a banda com outros olhos (isto em finais de 90). Por mero acaso ainda não tenho um exemplar do Nevermind, mas lá há-se chegar o dia. De resto, confesso que não acho grande piada ao que se convencionou chamar grunge. Já agora, o facto de dizer que prefiro o original, simplesmente simpatizo melhor com essa roupagem sonora, não significa que desconsidere a versão dos Nirvana, até pelo contrário, acho uma boa versão.

Finalmente, se me é permitido responder à questão lançada ao Eduardo, eu tenderia a responder da mesma maneira, até porque é feio deixar comida no prato. Mas gosto bastante de Mariska... ;)

Um abraço

M.A. disse...

Se procurares imagens na web, vais ver que pouco antes de a senhora morrer, a idade já tinha feito das suas, nomeadamente ao nível da massa corporal. Enfim, toca a todos...

strange quark disse...

Atendendo a que estava a brincar com as palavras e com o nome curioso da senhora Veres, é caso para dizer que se transformou numa bela lagosta. ;)