"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Em escuta #41









BOB MOULD Life And Times [Anti-, 2009]

Recuperado de uma longa letargia com District Line, do ano passado, Bob Mould reaparece em Life And Times apostado em manter este estado de graça. A dezena de canções que agora nos oferece são do mais acessível que lhe conhecemos. Aqui e ali, surge uma guitarra mais abrasiva, no derradeiro "Lifetime" há resquícios de algumas experiências electrónicas, mas o que impera é o tom reflexivo, traduzido na voz agora amansada de Mould. No fundo, este nono registo daquele que fez história à frente dos Hüsker Dü funciona como uma versão light do power pop dos Sugar, suprimido de qualquer sujidade e reduzido ao esqueleto. [7]


CRYSTAL ANTLERS Tentacles [Touch and Go, 2009]

Revelados pelo explosivo EP de apresentação, os californianos Crystal Antlers estreiam-se agora em formato longo sob o olhar atento da comunidade blogosférica. No espaço de tempo que medeou os dois registos, o quinteto revela significativos avanços, deixando para trás muito do poder de fogo em favor de uma maior atenção às texturas das canções, reforçando assim o efeito psicotrópico. Agora menos estridente, a ruideira é comandada pelo Farfisa desalinhado, ao qual os restantes instrumentos se subjugam para criar uma massa sonora monstruosa. No geral, adensa-se a tendência prog e, a espaços, como no fabuloso "Andrew", o voz rouca de Jonny Bell manifesta atributos próprios dos bluesmen mais dolentes. [8,5]


YEAH YEAH YEAHS It's Blitz! [Interscope/Polydor, 2009]

Banda aparentemente pouco dada à estagnação, era mais ou menos previsível esta rendição dos YYYs às tendências indie-dance reinantes, sem que, para isso, tivessem de cair na ordinarice gratuita de muitos dos seus pares. Ainda que as temáticas sigam a linha introspectiva do seu antecessor, It's Blitz! destaca-se pela exuberância dos sons retro sintetizados e das batidas que convidam descaradamente a abanar o corpo. Nick Zinner, o manipulador de serviço, revela-se exímio na criação de atmosferas, independentemente das ferramentas empregues. A título de exemplo, oiça-se o belíssimo "Skeletons". Já Karen O, perdeu qualquer traço da verborreia de outrora, e está agora uma cantora de corpo inteiro. Uma mudança radical que ainda poderá trazer frutos mais suculentos. [7,5]


SWAN LAKE Enemy Mine [Jagjaguwar, 2009]

Algo desiludido com o último registo dos Wolf Parade, esperava que Spencer Krug, uma das suas metades criativas, se redimisse através de um dos vários projectos em que se envolve. Esperanças defraudadas, pelo menos para já, neste segundo álbum do "super-grupo" Swan Lake. Marcado pelo tom críptico das composições, Enemy Mine vagueia à deriva como uma massa inconsitente das diferentes sensibilidades envolvidas: a colagem óbvia à pompa de Bowie dos primórdios de Carey Mercer, o sinfonismo esquizóide de Krug, e o dramatismo exacerbado de Daniel Bejar. A mixórdia, quando consumida em excesso, pode revelar-se indigesta. [5,5]

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