FELT
Forever Breathes The Lonely Word
[Creation, 1986]
Quando formou os Felt em 1979, Lawrence (Hayward é o apelido, mas ele prefere usar apenas o nome próprio, como os autores clássicos) tinha um plano bem definido: 10 anos, 10 álbuns, 10 singles, e um desejo imenso de conquista do sucesso. Excluindo o objectivo final, o plano foi cumprido na íntegra. Justificando o semi-fracasso, queixava-se Lawrence em entrevista concedida aquando do lançamento da compilação Stains On A Decade (2003) que até John Peel, reconhecido divulgador das músicas marginais, nutria pelos Felt um sentimento de total indiferença. Excepção feita a Primitive Painters, single de 1985 com a participação vocal de Liz Fraser, dos Cocteau Twins.
De uma obra que prima pela extema homogeneidade, convém destacar Forever Breathes... como, porventura, o mais refinado conjunto de canções saídas da pena de Lawrence. Logo no inaugural "Rain Of Crystal Spires" resume-se na perfeição a fórmula característica dos Felt, com o órgão do futuro Primal Screamer Martin Duffy a servir de suporte à guitarra jangly e esquelética, e à voz frágil e reminiscente da imperfeição de Tom Verlaine. O líder dos Television foi, de resto, alvo da devoção confessa de Lawrence ao longo da carreira dos Felt. Nas palavras, de uma poética vitriólica, fica patente um certo alheamento face à sociedade. É com alguma surpresa que em "Down But Not Yet", e em "September Lady", vislumbramos em Lawrence alguns sinais de afeição. No primeiro, assume o papel do conselheiro que recomenda a persistência para almejar os sonhos, enquanto o segundo é uma ode à beleza feminina. Já "All The People I Like Are Those That Are Dead" é de um cinismo quase misantropo. Neste, ao tentar o mimetismo do estilo semi-declamado de Lloyd Cole, Lawrence antecipa o sarcasmo analítico que fez a fama de Jarvis Cocker à frente dos Pulp.
Parcialmente cumprido o "plano Felt", Lawrence criaria em inícios da década os Denim, projecto revivalista da pompa do glam rock e caso raro de relativo reconhecimento público na vida do músico. Presentemente, grava sob o nome Go Kart Mozart perante a indiferença generalizada.
De uma obra que prima pela extema homogeneidade, convém destacar Forever Breathes... como, porventura, o mais refinado conjunto de canções saídas da pena de Lawrence. Logo no inaugural "Rain Of Crystal Spires" resume-se na perfeição a fórmula característica dos Felt, com o órgão do futuro Primal Screamer Martin Duffy a servir de suporte à guitarra jangly e esquelética, e à voz frágil e reminiscente da imperfeição de Tom Verlaine. O líder dos Television foi, de resto, alvo da devoção confessa de Lawrence ao longo da carreira dos Felt. Nas palavras, de uma poética vitriólica, fica patente um certo alheamento face à sociedade. É com alguma surpresa que em "Down But Not Yet", e em "September Lady", vislumbramos em Lawrence alguns sinais de afeição. No primeiro, assume o papel do conselheiro que recomenda a persistência para almejar os sonhos, enquanto o segundo é uma ode à beleza feminina. Já "All The People I Like Are Those That Are Dead" é de um cinismo quase misantropo. Neste, ao tentar o mimetismo do estilo semi-declamado de Lloyd Cole, Lawrence antecipa o sarcasmo analítico que fez a fama de Jarvis Cocker à frente dos Pulp.
Parcialmente cumprido o "plano Felt", Lawrence criaria em inícios da década os Denim, projecto revivalista da pompa do glam rock e caso raro de relativo reconhecimento público na vida do músico. Presentemente, grava sob o nome Go Kart Mozart perante a indiferença generalizada.
"All The People I Like Are Those That Are Dead"
2 comentários:
Ora, Sim Senhor!!!
Andamos sintonizados. Ainda ontem estive a ouvir este disco.
:-)
[E, tinhas razão...
Qual modéstia qual quê!]
Indespensável.
Tb gosto muito do "Ignite the Seven Cannons", se calhar por ter o "Primitive".
Abraço
Enviar um comentário