"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #14

CUL DE SAC
Ecim (Northeastern, 1992; Reedição Strange Attractors, 2006)

Formados em Boston pelo guitarrista Glenn Jones e pelo manipulador de sons Robin Amos, os CUL DE SAC contavam ainda nesta sua primeira formação com mais alguns nomes de créditos firmados no underground americano da década de 1980.
Para além de serem todos músicos experimentados e de elevado pendor tecnicista, os elementos dos Cul de Sac eram também profundos conhecedores das mais diversas músicas. É aliás, esta característica que faz de Ecim um caldeirão para onde convergem estilhaços de sons de diferentes proveniências: kraut rock, noise, música árabe, math rock, psicadelismo...
Não obstante toda esta profusão de linguagens distintas, e sendo um disco basicamente instrumental, Ecim surpreende sobretudo por ser, simultanemente, uma obra vanguardista, lúdica e acessível.
Para além da excelente contribuição de todos os músicos, com Jones à cabeça obviamente, as participações de elementos externos deixa também a sua marca. Dredd Foole tem duas prestações vocais irrepreensíveis: a primeira nos uivos que marcam o vertiginoso "Homunculus", a segunda na insólita versão de "Song To The Siren", tema que evoca em igual medida a fantasmagoria do original de Tim Buckley e o éter da versão dos This Mortal Coil. Por sua vez, Phil Milstein é o responsável pelo "tratamento" de uma récita de Nico no tributo à diva levado a cabo em "Nico's Dream". Por falar em tributos, Ecim tem também o seu lado rootsy na versão de "The Portland Cement Factory at Monolith, California" de John Fahey, o lendário guitarrista que viria a colaborar com a banda alguns anos mais tarde.
As três faixas extra da recente reedição mais não fazem do que engrandecer uma obra já de si indispensável.
Um pouco à semelhança de Spiderland dos Slint um ano antes, Ecim é um disco que pode ter passado despercibido à data da sua edição, mas que, marcou de forma indelével a produção musical subsequente. Sim, e estou-me a referir àquilo a que se convencionou chamar post rock...
Apesar de os Cul de Sac se manterem ainda em actividade, e de terem já no seu currículo outros excelentes discos, o pioneirismo de Ecim, esse, permanece imbatível.