"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Good cover versions #85













RAINY DAY - "I'll Be Your Mirror" [Llama, 1984]
[Original: The Velvet Underground (1967)] 

I'll Be Your Mirror by Rainy Day on Grooveshark

A existir tal título, o de rebelde do movimento californiano Paisley Underground teria de ser atribuído a David Roback, que antes de assentar nos duradouros mas preguiçosos Mazzy Star já tinha passagens breves por duas bandas com algum reconhecimento: primeiro os Rain Parade, depois os Opal. Um pára-pouco, talvez um insatisfeito, não consta, porém, que tenha criado inimigos à sua passagem. Bem pelo contrário, parece que cultivava amigos na "cena", muitos deles reunidos à sua volta nos Rainy Day, o projecto one-off que criou logo após o abandono dos Rain Parade. O propósito era recriar canções da autoria dos músicos que serviam de guia aos princípios do Paisley Underground, essencialmente da segunda metade de sessentas, mas também da década seguinte. Assim, no único álbum (homónimo) gravado, podemos encontrar diferentes vozes a interpretar versões de temas de autores diversos: de Dylan a Hendrix, dos The Who aos Big Star. No alinhamento, não podia faltar um tema original dos Velvet Underground, a banda de culto do movimento, a referência marginal.

A escolha do reportório dos nova-iorquinos recaiu sobre "I'll Be Your Mirror", porventura o menos gélido dos três temas que Nico canta no álbum de estreia, aquele em que Andy Warhol impingiu a diva alemã ao "subterrâneo de veludo". No original uma canção bastante próxima das regras pop, apenas subvertidas pelas imperfeições de Nico, eventualmente umas oitavas à frente da música, é revisitada na versão dos Rainy Day na voz de Susanna Hoffs, a vocalista das Bangles, nesta fase apenas uma pop-star em perspectiva. Os dois registos não poderiam ser mais diferentes: uma Nico glacial encarna o anjo da desgraça; Hoffs, por seu turno, irradia luminosidade ao interpretar uma letra que não é propriamente o paradigma da felicidade. Outra característica da versão dos Rainy Day é a informalidade, ao ponto de se iniciar com a contagem que normalmente antecede a entrada dos instrumentos nas sessões de ensaio, servindo em certa medida de tubo de ensaio a uma certa balada bastante mais produzida das Bangles, já na fase do estrelato. Sem esquecer a beleza infinita de ambas as cantoras, o outro ponto em comum será a simplicidade de original e versão, algo habitual nas composições exclusivamente creditadas a Lou Reed nos primórdios dos Velvets

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