"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 14 de julho de 2014

R.I.P.


TOMMY RAMONE
[1949-2014]

Com a morte de Thomas Erdelyi, imortalizado como Tommy Ramone, na passada sexta-feira, deixou o mundo dos vivos o último resistente da formação original dos Ramones. Portanto, fazia parte do gang dos quatro responsáveis pelo seminal álbum homónimo de estreia de 1976, na origem das sementes punk que se disseminariam logo a seguir no Reino Unido, e também percursor da ingenuidade que estaria na base da vaga twee pop que eclodiria no mesmo território na segunda metade de oitentas. A fórmula, caracterizada pela simplicidade dos "três acordes", mais não era do que a aceleração de canções baseadas no espírito pop dos Beach Boys e dos girl groups de sessentas ligados a Phil Spector.

Judeu de ascendência húngara, Erdelyi tinha já alguma experiência de estúdio como engenheiro de som quando se juntou aos restantes Ramones: Joey, Johnny e Dee Dee. Curiosamente, o seu papel original na banda foi o de manager, que acumulou com o de baterista quando se percebeu da inaptidão de Joey Ramone, que transitaria para vocalista, para a rapidez dos tempos das canções. Simultaneamente, foi co-produtor dos três primeiros álbuns da banda, precisamente aqueles em que fez parte da sua formação. Abandonou o seu lugar no quarteto em 1978, cedendo o lugar a Marky Ramone. Como manager, convenceu Phil Spector a produzir End Of The Century (1980), escolha óbvia atendendo à devoção dos Ramones pelas pérolas pop criadas por aquele. Ele próprio regressou à cadeira da produção para Too Tough To Die (1984), eventualmente o último trabalho indispensável da banda. Sensivelmente pela mesma altura, produziu Tim (1985), disco superlativo dos The Replacements, então coqueluches do circuito das college radios norte-americanas. O afastamento definitivo dos Ramones não foi totalmente pacífico, e coincidiu com o começo do declínio, até à caricatura hard rock em que se transformaram algures na década de 1990. Por acaso, tem sido Marky, o substituto de Tommy, que em nome próprio, mas com o legado da banda que lhe deu fama, quem tem vindo a perpetuar a longa agonia dos Ramones ao serviço do circo rock'n'roll, ao qual eram primordialmente figuras estranhas. 

No momento do luto por Tommy Ramone, constato que, por ironia do destino, foram apenas necessários treze escassos anos para que o cancro (e a heroína, no caso de Dee Dee), dizimasse a totalidade dos membros originais da banda que melhor personificou a eterna adolescência. Now, I wanna sniff some glue.

Blitzkrieg Bop by Ramones on Grooveshark
[Sire,1976]

I Wanna Be Your Boyfriend by Ramones on Grooveshark
[Sire, 1976]

Rockaway Beach by Ramones on Grooveshark
[Sire, 1977]

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