"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Before sunset
















Há encontros que, leve o tempo que levar, estão destinados a acontecer um dia. Como aconteceu com Joe Pernice e Norman Blake, duas almas-gémeas representantes do que melhor se faz em matéria de sunshine-pop happy/sad, o primeiro à frente dos Pernice Brothers, o último com os Teenage Fanclub. Sendo um oriundo dos states, e o outro da Escócia, o encontro aconteceu longe de casa, em Toronto, no Canadá, e ficou a dever-se a uma feliz coincidência: ambos passam algum tempo no país da folha de acer por serem casados com nativas. Para partilhar as afinidades, formaram uma banda chamada The New Mendicants, na qual milita ainda o baterista canadiano Mike Belitsky (The Sadies).

Noutros tempos, a formação deste projecto seria noticiada com o destaque normalmente reservado a esta coisa dos super-grupos. Hoje, com os maus tratos a que a pop mais pura está sujeita, um álbum como Into The Lime é lançado com a maior das discrições. Terá, no entanto, a atenção devida pelos fieis, que sabem que aqui vão encontrar canções em número suficiente com as doses certas de doçura e melancolia. E sabem também que essas canções serão inevitavelmente melódicas e terão coros harmoniosos. Efectivamente, Into The Lime não falha em nenhum desses propósitos de servir a banda sonora para o lusco-fusco, e permite ainda a Norman Blake reviver os sons fuzzy da juventude num par de temas atípico no alinhamento: "Shouting Match" e "Lifelike Hair". O primeiro é power-pop elementar, o segundo tem a sujidade retro que os Primal Scream não desdenhariam. Alegadamente, a maioria das canções, escritas em regime de total parceria, foram compostas para dar música a A Long Way Down, a mais recente adaptação cinematográfica de um romance de Nick Hornby, admirador e amigo tanto de Pernice como de Blake. No entanto, consta que as mesmas, compostas a pedido do próprio escritor, não mereceram a aprovação dos produtores do filme. Entre eles está um tal Johnny Depp que, certamente, terá mais certezas que nós comuns mortais para se dar a luxo de esbanjar canções pop deste quilate, por sinal espécie bastante rara nos tempos que correm.

[Ashmont / One Little Indian, 2014]

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