"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 8 de maio de 2013

MMXIII

















Um dia talvez acusemos o fastio, mas enquanto a coisa não esmorecer, enquanto os discos que vão saindo o justifiquem, continuaremos atentos à jovem "cena" indie da Califórnia. O motivo da prosa de hoje é Mikal Cronin, um rapaz que, se acaso não tivesse outros méritos, poderia sempre invocar uma já longa ligação de proximidade com o celebrado Ty Segall. Entre outras coisas, por exemplo, fez parte da banda do wunderkind que gravou Slaughterhouse, o excelso disco do ano passado. Para além disso, tem no currículo, e quase sempre no papel de baixista, um extenso rol de participações em bandas ligadas ao revivalismo garage. Em 2011 estreou-se a solo, com um álbum homónimo do qual, confesso, na altura só ouvi falar. Só há poucos meses, por intermédio de um tema incluído numa compilação de gente influenciada pelos Byrds, lhe descobri a veia pop que as referências que tinha não deixavam supor.

Com a faísca provocada por esse tema extremamente devedor de "I'll Feel A Lot Better" fiquei de sobreaviso às movimentações do rapaz, aguardando com alguma curiosidade um segundo álbum. Saído nesta semana, mas já com algum tempo de rotação nesses canais de escuta da web, MCII deixa de lado qualquer traço de lo-fi que o antecessor ainda continha e embarca numa toada de luminosidade pop que faz de Mikal Cronin um dos bons compositores neófitos do género. Quando alinha numa onda de doce e suave melancolia, detectam-se ecos de uns Teenage Fanclub da idade madura, enquanto os momentos mais efusivos evocam os adoráveis The Posies de qualquer fase. Pelas referências, suponho, já devem ter percebido que MCII deve ser arrumado naquela prateleira da pop com o prefixo power-. Mas não é tudo, pois o passado garage ainda aflora quando se faz uso do pedal de fuzz, sobretudo nos temas com a participação de Ty Segall, um dos poucos participantes no disco para além do próprio autor. Se o que acabaram de ler vos deixou com vontade de ir a correr escutar MCII, peço-lhes que atentem nos arranjos, dignos de um aspirante a Van Dyke Parks, que enriquecem significativamente aquele que é, até ver, o grande disco de canções pop de 2013. Espécie que não abunda, refira-se.

Peace Of Mind by Mikal Cronin on Grooveshark
[Merge, 2013]

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