Sonny Smith é um dos mais empenhados e produtivos arqueologistas da pop actual. Concorrente à altura, só talvez John Dwyer, o "senhor Thee Oh Sees". Mas se este último envereda pela toada mais rockeira e psicadélica do garage, Smith está mais empenhado na escrita de temas que poderemos catalogar como pop. À frente de Sonny and the Sunsets, projecto que tem contado com a colaboração de aliados variáveis, leva já algum tempo a revisitar conceitos de outras eras, quando, no universo pop, a pureza se sobrepunha à seriedade. O ponto alto aconteceu com o projecto 100 Records, concepção de 200 canções (lado A e lado B) para 100 bandas imaginárias. A ideia não chegou a passar para disco mas virou exposição, com capas exclusivamente criadas por artistas gráficos amigos e uma jukebox onde tocam a totalidade dos temas compostos e gravados para o efeito.
Num passado recente, Smith já tinha anunciado uma mudança de azimutes, nomeadamente com a gravação de um disco country. A promessa é cumprida com o novíssimo Longtime Companion, álbum no qual dominam os instrumentos acústicos, com lap steels a rodos. Contudo, Smith não perdeu o norte pop, bem como aquele travo lo-fi que põe em cada trabalho. Longtime Companion tem ainda a particularidade de ser o mais pessoal dos seus discos, já que, alegadamente, aborda o fim da relação com Thalia Harbour, companheira de longa data inclusive nos Sunsets. Contém, por isso, uma aura de melancolia que estabelece alguns paralelismos com Sea Change de Beck, embora longe da densidade deste. Uma boa amostra do resultado final, talvez a melhor, é este delicioso remake do tema de encerramento do anterior Hit After Hit (2011):
"Pretend You Love Me" [Polyvinyl, 2012]
Sem comentários:
Enviar um comentário