Moon Duo + Pega Monstro @ MusicBox, 21/07/2012
Apesar de todo o reconhecimento de que são alvo os Wooden Shjips, Erik "Ripley" Johnson parece presentemente mais apostado na promoção do Moon Duo, a aventura paralela que mantém com a companheira Sanae Yamada. No que concerne à vida na estrada, talvez a opção se justifique com a maior "portabilidade" deste projecto, logo com menores custos versus maiores proveitos. Por outra lado, e embora as referências das duas bandas sejam similares (todas as décadas de rebeldia rock filtradas pelos Spacemen 3), há no Moon Duo um certo groove que os torna mais imediatos.
Por conseguinte, o alinhamento do concerto de sábado, que visava promover o álbum Mazes (2011) e preparar terreno para o sucessor lá mais para o Outono, consistiu numa réplica dos tiques e truques sónicos que fizeram a fama da banda de Sonic Boom e J Spaceman. Invariavelmente, cada início de tema bem que poderia ser o de um dos Spacemen 3 ou de um dos seus derivados subsequentes. Na estrutura também não se registam grandes variações, pois a totalidade dos temas consiste na combinação batida sintética e teclado kraut + solo de guitarra intermédio + apoteose de ruideira final. Tudo acompanhado pela voz monocórdica de Ripley e o menear de Sanae. A grande vantagem que o Moon Duo extrai da aposta da monotonia, quando combinada com a alto volume do som irrepreensível (curiosamente mais sentido nas partes mais afastadas do palco) e com as projecções cromáticas, é a facilidade com que induzem estados de relativa hipnose. Caso o espectador não esteja propriamente virado para a deriva mental, o concerto poderá ser apreciado como relativamente aborrecido e parco em ideias próprias.
Quanto às Pega Monstro, dupla de jovens irmãs lisboetas geradora de um relativo hype nos circuitos indie lo-fi, o maior elogio que se lhes pode fazer é admitir que estão a par das tendências externas, algo pouco comum por cá. Ainda algo verdes, retiram alguns ensinamentos das Vivian Girls mas, ao contrário destas, não aprofundam as fontes na procura da essência da canção pop a partir dos mais escassos recursos. As letras, duma inanidade flagrante, não são propriamente uma pecha, pois estão de acordo com os padrões do género. Piores são as vozes, algo desencontradas quando procuram o uníssono. Em particular a da guitarrista, francamente inferior à da baterista (que ganha também em carisma), pelo que não se compreende o maior protagonismo da primeira. Têm, portanto, um longo caminho a percorrer, pese embora um ou outro apontamento nos novos temas apresentados faça crer que, num futuro próximo, possam convencer alguém mais além da meia dúzia de acólitos irrequietos que marcaram presença.
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