O excesso de oferta para o tempo disponível leva a que, por vezes, algumas das mais interessantes propostas musicais nos escapem ao "radar". Isto a propósito do primeiro álbum dos escoceses Django Django, saído logo no começo deste ano, e do qual apenas tinha, até há pouco, escutado alguns temas avulsos, mesmo com a curiosidade aguçada dos grandes encómios tecidos pelas fontes mais fidedignas.
Finalmente escutado com alguma insistência, Django Django poderá não ser o disco que irá salvar a música pop, mas é seguramente motivo para a revisão de algumas opiniões menos favoráveis em relação à música britânica de guitarras, das quais tenho discordado amiúde. E já que se fala em música de guitarras, convém referir que o quarteto de Edimburgo também não tem qualquer complexo em recorrer abundantemente às electrónicas para a obtenção de uma sonoridade que prima pela modernidade dançável, facção arty. No álbum homónimo, e contornando o par de temas que remetem para os insuportáveis Hot Chip (felizmente sem aquela voz de cana rachada), o global assenta em batidas tribais, guitarras subtilmente surfy, e complexos jogos vocais que causam um efeito psicadélico, estabelecendo muitas familiaridades com os saudosos conterrâneos The Beta Band. As ligações não se ficam pela sonoridade, pois há um par de irmãos entre os membros das duas bandas. Em abono dos Django Django, diga-se ainda que, ao psicadelismo de raízes mais ancestrais, adicionam uma obliquidade pós-punk que raramente se detectou nesta quase dúzia de anos de regurgitação de tiques daquele período de extrema ebulição de ideias.
"Storm" [Because Music, 2012]
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