"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ao vivo #81
















The Strange Boys @ MusicBox, 24/04/2012

Que me perdoem aqueles que os catalogam como tal, mas não consigo vislumbrar nos texanos The Strange Boys o pendor psicadelista que lhes atribuem. Talvez o eventual equívoco esteja relacionado com a terra de origem, local que outrora pariu os delírios ácidos de Roky Erickson e seus pares. Vejo neles também uma banda que, progressivamente, vai abandonando a sujidade "garageira" em favor de uma sonoridade mais aprimorada. Apesar da idade parecer não passar pelo quarteto, Ryan Sambol e companhia ostentam já a sabedoria rock de velhas raposas, imiscuindo a coisa também com um certo sentir soul e as raízes americana.

O recente Live Music, visado na maior parte do concerto de anteontem, é um passo evolutivo seguro para uma banda que, nos primórdios, privilegiava a energia em desfavor do aprumo da execução. Agora, a contenção abrange também os movimentos em palco, reduzidos ao mínimo, revelando uma maior concentração em cada detalhe, o que faz com que a banda resulte como uma bem oleada máquina de groove contido mas não castrado. À santíssima trindade rock, juntam-se amiúde as harmónicas e as pianadas que nos remetem para "cóboiadas" no oeste remoto. Talvez os White Stripes pudessem ter evoluído neste sentido, se acaso não tivessem padecido de um surto de megalomania provocado pela fama desmesurada. Ou talvez os Libertines um dia pudessem ter soado de forma idêntica, se acaso fossem produto da América profunda ao invés de terem sido gerados no reboliço londrino. 

E já que estamos numa de comparações gratuitas, porque não registar as semelhanças espaçadas da voz precocemente amadurecida de Sambol com a do vocalista dos The Walkmen, isto se lhe subtrairmos os maneirismos miserabilistas do último. Um e outro são discípulos de Dylan, essa figura omnipresente na música popular americana do último meio século. Um revolucionário à sua maneira, este ícone não induziu nos The Strange Boys de terça-feira o espírito revolucionário que já se vivia à hora do fecho da função. Contudo, se há algo de que o numeroso público (o preço justo dos bilhetes sai recompensado...) do MusicBox não se pode queixar é da falta de subversão a partir da tradição. E isso, meus amigos, é rock'n'roll! E nós gostamos...

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