Daniel Blumberg é um rapaz ocupado. Esqueçamos o passado pouco edificante à frente de uns tais Cajun Dance Party, e lembremos que é ele o frontman dos mui recomendáveis Yuck, autores de um disco homónimo que é tão somente do melhor que a música pop pariu nos últimos anos. Não que seja um trabalho particularmente inventivo, pois tresanda às linguagens indie da alvorada de noventas, com óbvias filiações em bandas como Teenage Fanclub, Dinosaur Jr. e similares, mas impressionante na frescura e sinceridade que patenteia numa dúzia de canções prenhes de espírito juvenil. Tem sido alvo de intensa promoção, numa preenchidíssima agenda de concertos com a qual já fui em feliz contemplado.
Não obstante a azáfama que o quarteto que lidera implica, Blumberg ainda consegue arranjar tempo para os projectos pessoais. Sob a designação Oupa, e em regime solitário, acaba de lançar Forget, um pequeno álbum que exibe uma faceta que a música dos Yuck não deixa revelar. Os temas, em número de sete, estendem-se em durações um pouco além das convenções pop. Impera uma certa melancolia contemplativa, materializada em frágeis melodias de piano e teclados texturais. A voz, normalmente em falsetto suavizado, revela intimismo e introspecção. Lançado em auto-edição, Forget não é propriamente a oitava maravilha do mundo. Mas também é verdade que não deixa de ser algo mais que mera curiosidade, para admiradores dos Yuck e não só. As ambiências criadas estão em perfeita sintonia com estes dias de ar pesado e denso.
"Physical" [Boiled Egg, 2011]
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