"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um V na fronte

















Já esperávamos por um disco assim desde que os Mazzy Star entraram em hibernação. Ou pelo menos desde a doce preguiça daquele segundo disco dos saudosos Beachwood Sparks. Ou ainda, na melhor das hipóteses, desde o último trabalho da menina Chan Marshall antes do aburguesamento (leia-se You Are Free, de 2003). São estas, e algumas mais, as referências dos Widowspeak, um trio com sede em Brooklyn, via Chicago, no qual ando verdadeiramente viciado. As similaridades são mais evidentes com os primeiros, muito por culpa da voz de Molly Hamilton, em tudo comparável à da estonteante Hope Sandoval, se bem que substancialmente mais arejada.

Mas nem só de comparações com os citados se faz Widowspesk, o álbum que acabam de dar à estampa e que é uma afirmação de personalidade, apesar do curto período de convivência musical do trio. Assente numa country-pop de cariz outonal, é contido na melancolia, deixando que uma brisa o percorra de fio a pavio. Portanto, as paisagens desoladas que a primeira referência poderia sugerir dissipam-se rapidamente após algumas audições. Para tal, desconfia-se, contribuirá a juventude dos músicos, também expressa no ligeiro travo surfy com que contaminam cada um dos dez temas, o que coloca os Widowspeak a par de algumas das mais interessantes manifestações pop da actualidade. A título ilustrativo deixo-vos os dois temas que compõem o primeiro single promocional. O tema principal, incluído no álbum, com uma voz em estado de graça, é bem representativo da veia melódica e da reverberação quase omnipresentes. O lado B, precisamente uma versão do tema mais popular de Chris Isaak, parece ter sido escrito de propósito para os Widowspeak.


"Gun Shy" [Captured Tracks, 2011]


"Wicked Game" [Captured Tracks, 2011]

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