"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Singles Bar #56







SONIC YOUTH
Kool Thing
[DGC, 1990]





No álbum Sister (1987), e sobretudo no colossal Daydream Nation (1988), já os Sonic Youth tinham ensaiado uma peculiar aproximação à pop, em detrimento da veia experimentalista que marcava os anteriores registos. Em qualquer dos casos, a "instituição" nova-iorquina limitou-se a seguir os seus instintos, sem abdicar de princípios, mas alcançando uma sonoridade mais acessível ao consumidor de música "médio". Com o crescendo da penetração mediática, veio o inevitável casamento com uma multinacional, assinalado com a edição de Goo, à data o mais bem sucedido dos álbuns do "quarteto sónico". Parte desse sucesso terá ficado a dever-se à escolha do single que o anunciou, com um refrão orelhudo e um vídeo apelativo ao airplay televisivo. "Vendidos", brandiam os puristas, mas o que é certo é que "Kool Thing" não faz qualquer concessão ao facilitismo. Na guitarra em loop e distorcida estão ainda impressas as marcas genéticas dos Sonic Youth. O maior apelo pop deriva, eventualmente, da secção rítmica inapelavelmente groovy. Com voz de gata assanhada, Kim Gordon, sempre o elemento mais politicamente empenhado dos quatro, debita uma letra que, na sua subtileza e sedução, encerra um duro ataque a uma sociedade ainda regida por princípios sexistas. A ideia partiu de uma entrevista com LL Cool J, conduzida pela própria. Na engenhosa e sarcástica letra de "Kool Thing", são inúmeras as referências explícitas a temas do rapper, a mais notória o "I don´t think so" do refrão. Na mesma altura e no mesmo estúdio que os Sonic Youth gravavam Goo, estavam também os Public Enemy a registar Fear Of A Black Planet. Este feliz acaso permitiu materializar a ligação de "Kool Thing" ao hip-hop, com a participação vocal de Chuck D, também ele um "duro", embora sobejamente mais consciente do que Cool J. À mercê de Kim Gordon, é vê-lo amolecer perante o provocativo "fear of a female planet".

2 comentários:

O Puto disse...

É um tema genial e não me farto de o ouvir.

O Puto disse...

Além disso, este é o meu disco favorito dos nova-iorquinos.