WHITE DENIM Fits [Full Time Hobby, 2009]
Figura de proa do actual revivalismo garage, este trio texano regista na segunda proposta um claro passo evolutivo, aventurando-se muito para além das guitarras estridentes e da sujidade intrínseca. Ao estilo dos velhos discos em suporte de vinilo, Fits divide-se em duas partes distintas: uma primeira mais enérgica e directa, com os riffs de pontas afiadas e as vozes ululantes a dar o mote; e um lado B mais contido, a convidar à viagem sensorial, aqui a ali polvilhada por ritmos funk e melodias sob o Sol da costa Oeste. Lá no alto, Arthur Lee estará a erguer o polegar em sinal de aprovação. [8,5]
A SUNNY DAY IN GLASGOW Ashes Grammar [Mis Ojos, 2009]
Ao segundo álbum, este numeroso colectivo de Filadélfia, alinhado nas novas correntes shoegazing, mergulha de cabeça em Loveless, o marco histórico dos My Bloody Valentine. Ashes Grammar propõe um lote de mais de duas dezenas de temas de durações variáveis entre os escassos segundos e os 5/6 minutos. A intenção será criar um todo, uma espécie de sinfonia aquática feita de camadas de overdubs e vozes angelicais. Em mais de uma hora de disco, há momentos inspirados pela mola propulsora da percussão e a aridez das guitarras ("Shy", "The Wihte Witch"). Outros há que rasam a fronteira do onirismo bacoco. [6,5]
TAP TAP On My Way [Stolen, 2009]
Paralelamente aos Pete & The Pirates, Tom Sanders edita sob o moniker Tap Tap, projecto caracterizado pela aura tresloucada herdada de finais dos sixties comum àquela banda, embora aqui em registo menos esfuziante. On My Way revela uma capacidade inata do autor para canções de uma pop happy-sad imaculada, prenhes de inocência e romantismo juvenis, vagamente nerdish, e em formato semi-acústico. A percorrer estas onze semi-baladas gingonas há aquele "sentir" marítimo que associaríamos às bandas de Liverpool (The Coral, The La's) se não soubéssemos que o rapaz é de Reading. [8,5]
SILK FLOWERS Silk Flowers [Post Present Medium, 2009]
Antes das investidas operáticas dirigidas por Jim Steinman, o som dos Sisters of Mercy era uma missa negra pautada por batidas que gelavam os ossos. É precisamente esta faceta da persona Andrew Eldritch que este trio de Brooklyn invoca no seu disco de estreia, no qual a electrónica mais básica e primeva serve de matéria-prima. Aqui e ali pressente-se que o espírito de Ian Curtis tenha sido também convocado para este ritual macabro. Densamente negro e intencionalmente imperfeito, a par da sensação de estranheza, Silk Flowers deixa a ideia de haver ainda algumas arestas por limar. [7]
ART BRUT Art Brut vs. Satan [Cooking Vinyl, 2009]
Depois de uma tentativa semi-falhada de uma maior subtileza, os Art Brut recuperam o humor corrosivo tipicamente british, com Eddie Argos a assumir-se como um Mark E. Smith mais sóbrio, mas igualmente contudente. Vale bem a pena uma leitura atenta das letras, com tiradas cáusticas, muitas vezes auto-críticas, sobre a sociedade actual e o vasto universo pop-rock. Neste particular, destaca-se a paródia hilarinate ao purismo lo-fi de "Slap Dash For No Cash". Na música, frenética, os The Fall marcam mais uma vez presença nas guitarras frenéticas e na propulsão contaginate da bateria. A brincar, a brincar, os Art Brut estão cada vez mais sós no lote de sobeviventes do contingente neo-postpunk. [8]
THE CLIENTELE Bonfires On The Heath [Merge, 2009]
Há em "I Wonder Who We Are", o tema que abre o novo disco dos Clientele elementos de géneros que me causam imediata rejeição, quando integrados em canção pop: bossa nova, soft jazz, e flamenco. Mais à frente, os mesmos géneros são aflorados em doses distintas, juntamente com os sopros mariachi, em um ou outro tema. O resto é a elegância feita melancolia pop a que Alasdair McLean já nos habituou - e que o mundo teima em ignorar - a espraiar-se . A confirmarem-se os rumores de uma possível dissolução da banda, uma despedida condigna pedia disco mais equilibrado. [7]
Figura de proa do actual revivalismo garage, este trio texano regista na segunda proposta um claro passo evolutivo, aventurando-se muito para além das guitarras estridentes e da sujidade intrínseca. Ao estilo dos velhos discos em suporte de vinilo, Fits divide-se em duas partes distintas: uma primeira mais enérgica e directa, com os riffs de pontas afiadas e as vozes ululantes a dar o mote; e um lado B mais contido, a convidar à viagem sensorial, aqui a ali polvilhada por ritmos funk e melodias sob o Sol da costa Oeste. Lá no alto, Arthur Lee estará a erguer o polegar em sinal de aprovação. [8,5]
A SUNNY DAY IN GLASGOW Ashes Grammar [Mis Ojos, 2009]
Ao segundo álbum, este numeroso colectivo de Filadélfia, alinhado nas novas correntes shoegazing, mergulha de cabeça em Loveless, o marco histórico dos My Bloody Valentine. Ashes Grammar propõe um lote de mais de duas dezenas de temas de durações variáveis entre os escassos segundos e os 5/6 minutos. A intenção será criar um todo, uma espécie de sinfonia aquática feita de camadas de overdubs e vozes angelicais. Em mais de uma hora de disco, há momentos inspirados pela mola propulsora da percussão e a aridez das guitarras ("Shy", "The Wihte Witch"). Outros há que rasam a fronteira do onirismo bacoco. [6,5]
TAP TAP On My Way [Stolen, 2009]
Paralelamente aos Pete & The Pirates, Tom Sanders edita sob o moniker Tap Tap, projecto caracterizado pela aura tresloucada herdada de finais dos sixties comum àquela banda, embora aqui em registo menos esfuziante. On My Way revela uma capacidade inata do autor para canções de uma pop happy-sad imaculada, prenhes de inocência e romantismo juvenis, vagamente nerdish, e em formato semi-acústico. A percorrer estas onze semi-baladas gingonas há aquele "sentir" marítimo que associaríamos às bandas de Liverpool (The Coral, The La's) se não soubéssemos que o rapaz é de Reading. [8,5]
SILK FLOWERS Silk Flowers [Post Present Medium, 2009]
Antes das investidas operáticas dirigidas por Jim Steinman, o som dos Sisters of Mercy era uma missa negra pautada por batidas que gelavam os ossos. É precisamente esta faceta da persona Andrew Eldritch que este trio de Brooklyn invoca no seu disco de estreia, no qual a electrónica mais básica e primeva serve de matéria-prima. Aqui e ali pressente-se que o espírito de Ian Curtis tenha sido também convocado para este ritual macabro. Densamente negro e intencionalmente imperfeito, a par da sensação de estranheza, Silk Flowers deixa a ideia de haver ainda algumas arestas por limar. [7]
ART BRUT Art Brut vs. Satan [Cooking Vinyl, 2009]
Depois de uma tentativa semi-falhada de uma maior subtileza, os Art Brut recuperam o humor corrosivo tipicamente british, com Eddie Argos a assumir-se como um Mark E. Smith mais sóbrio, mas igualmente contudente. Vale bem a pena uma leitura atenta das letras, com tiradas cáusticas, muitas vezes auto-críticas, sobre a sociedade actual e o vasto universo pop-rock. Neste particular, destaca-se a paródia hilarinate ao purismo lo-fi de "Slap Dash For No Cash". Na música, frenética, os The Fall marcam mais uma vez presença nas guitarras frenéticas e na propulsão contaginate da bateria. A brincar, a brincar, os Art Brut estão cada vez mais sós no lote de sobeviventes do contingente neo-postpunk. [8]
THE CLIENTELE Bonfires On The Heath [Merge, 2009]
Há em "I Wonder Who We Are", o tema que abre o novo disco dos Clientele elementos de géneros que me causam imediata rejeição, quando integrados em canção pop: bossa nova, soft jazz, e flamenco. Mais à frente, os mesmos géneros são aflorados em doses distintas, juntamente com os sopros mariachi, em um ou outro tema. O resto é a elegância feita melancolia pop a que Alasdair McLean já nos habituou - e que o mundo teima em ignorar - a espraiar-se . A confirmarem-se os rumores de uma possível dissolução da banda, uma despedida condigna pedia disco mais equilibrado. [7]