"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Discos pe(r)didos #23


















THE HOUSE OF LOVE
The House Of Love [Creation, 1988]

Em 1988 a nação indie recupera ainda do fim abrupto dos Smiths. A rispidez das guitarras e das palavras dos Wedding Present poderão não servir de substituinte à medida das sensíveis canções da dupla Morrissey & Marr. Por seu lado, os londrinos House of Love (HoL) parecem cumprir os principais requisitos para acolher tão vasta orfandade: Terry Bickers é um guitarrista de imensos recursos, e Guy Chadwick é um letrista/vocalista capaz de insuflar de um extremo romantismo dramático os três minutos de duração de uma canção pop.
House Of Love, o álbum de estreia, é manifestação de uma banda de ambição desmedida, muito para além do exíguo reduto dos tops independentes. Abre com aquele que é um dos temas mais conhecidos da banda e único single extraído do álbum. Na distorção da guitarra e na saturação da voz, "Christine" antecipa a cena shoegazer em dois anos. Como veículo promocional, o tema mereceu um "não-vídeo" feito de sombras e imagens em câmara-lenta que, desde o primeiro visionamento no saudoso Rockin' in UK, é objecto de culto por parte deste escriba. Já "Road" é mais melodioso, embora carregue nas palavras a subversão do incitamento à alienação pela estrada fora. "Man To Child" é a Lolita de Nabokov revista à luz dos Bunnymen. O espírito da banda de Ian McCulloch, na sua vertente bigger than life, volta a assomar em "Happy" e "Fisherman's Tale". Movida por uma guitarra circular, e com vários clímaxes abortados, "Love In A Car" é a peça central dos disco e, também, o expoente máximo de uma certa carga erótica que perpassa todas as dez canções. Ou não tivesse o nome dos HoL origem num romance de Anaïs Nin... Após as últimas notas do implorante "Touch Me", enfeitiçados pela imensa beleza contida nos escassos 32 minutos de música, não nos resta outra alternativa senão carregar de novo no botão do play...

Na eventualidade de haver desse lado potenciais interessados em investir na aquisição deste disco sublime, aconselho-vos a não optarem pela recente reedição da Renascent. A compilação 1986-88: The Creation Recordings parece-me ser uma opção mais acertada, pois, além do álbum, contém todos os outros temas (singles e b-sides) editados pelos HoL na editora de Alan McGee, num total de 23 temas. Entre eles, a primeira (e melhor) versão do hit "Shine On" e o delicioso "Destroy The Heart".

5 comentários:

O Puto disse...

Estou há tempos para comprar este disco em CD. Após uma pesquisa na loja de discos amazónica, a compilação que sugeres está caríssima, e na CDGO não a comercializam. Sugeres mais algum sítio para pesquisar?
Curiosamente, na última sexta que fui ao Incógnito e te encontrei por lá, antes da enchente o Fernando passou o "Christine", a primeira música que conheci dos HoL. Foi um belo momento na pista.
Abraço!

M.A. disse...

O "Christine" já é um dos temas habituais do Fernando (não são todos?). Antes da enchente, claro.
Por acaso comprei a minha na CDGO, por um preço normal. Mas isso, foi pouco depois de ter saído. Se souber de outro local aviso-te.

Abraço!

eduardo disse...

eu também flipava com este video.

Shumway disse...

Um disco excelente que marcou uma geração.

E concordo em absoluto com o que referes - a primeira versão de "Shine On" é muitissimo melhor.

Abraço

Vasco Lopes disse...

Este disco dos House of Love é sem dúvida um dos melhores de sempre.