"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ao vivo #35
















Evangelista @ ZdB, 30/01/2009

Depois de uma discreta passagem em Novembro de 2006, Carla Bozulich regressou este fim-de-semana ao aquário da ZdB. Na altura, promovia Evangelista, disco cujo título daria nome à banda que a acompanha actualmente, projecto mutante no qual, além da mentora, a baixista Tara Barnes é o único membro permanente.
Com uma sala semi-composta, o espectáculo começou com alguns problemas técnicos , motivo para uma troca de palavras bem humoradas entre a cantora, provavelmente ébria, e a baixista. Ao terceiro/quarto tema - uma inspiradíssima versão de "Pissing" dos Low, que arrancou intensos aplausos logo às primeiras notas - os problemas estavam pareciam debelados. No capítulo das canções alheias, haveria novo momento alto com a interpretação do clássico "I Can't Help It (If I'm Still In Love With You)" de Willie Nelson. Mesmo em temas originais, divididos entre as baladas arrepiantes e as descargas sónicas viscerais, Bozulich mostra uma certa reverência pela obra de outrém, com citações óbvias a letras de Sonic Youth e The Doors.
Por vezes enternecedora, outras vezes chocante, Carla Bozulich é mulher amarga e sem papas na língua, descendente directa de uma longa linhagem de provocadoras iniciada em Lydia Lunch. Ao longo do espectáculo, grita a plenos pulmões o direito à escolha, enaltece o poder do amor, interage com o público e causa algum desconforto. Num jogo de contrastes, do belo e do horrível, mostra-nos o quão ténue pode ser a fronteira entre dramatismo e auto-comiseração.

Na primeira parte do espectáculo, o nervoso e trapalhão percussionista Ches Smith, membro da actual formação dos Evangelista, mostrou-se um sério aspirante a Steve Vai das baquetas. Para quem parecia estar a tocar fora do quarto pela primeira vez, podia ter sido pior. Mas não muito...

2 comentários:

Olavo Lüpia disse...

Vi o concerto do dia seguinte, em Leiria.
A Sra. Bozulich estava com uma gripe brutal e o concerto acabou por ser encurtado - até porque, ao que parece, a digressão acabava no dia seguinte, em Vigo, e na 3.ª havia sessões de gravação com os Silver Mt. Zion.
Ainda assim, gostei do concerto e, ao contrário de ti, gostei do Ches Smith - principalmente na versão Evangelista.
Abraço.

M.A. disse...

Meu caro Olavo:

Nada tenho contra o rapaz, desde que integrado na banda, claro!
Da 1.ª vez que a vi, em 2006, a Sra. Bozulich também deu um concerto bastante curto. Em compensação, a 1.ª parte, a cargo do Hrsta (com antigo(s) membro(s) dos GYBE!), foi bem mais longa e interessante do que esta.
Abraço.