Nestas andanças há perto de uma vintena de anos, os Nada Surf são já um nome que dispensa apresentações aos melómanos imunes ao zeitgeist da estação. Expostos ao grande público pela alta rotação do tema "Popular", não foram banda que me tenha caído desde logo no goto. Talvez por causa de esse ser um tema demasiado colado a um certo conceito college rock tipicamente americano, precisamente numa altura em fugia a sete pés de tudo o que estivesse ligado à praga pós-grunge. Não deixava, contudo, de ser uma canção de excepção, embora eu tenha demorado demasiado tempo a admiti-lo, tanto como o que levei a ficar convencido pelo trio nova-iorquino.
Já convertido, é com agrado que recebo novíssimo The Stars Are Indifferent To Astronomy, o sétimo álbum de estúdio da banda. Não que o novo registo traga grandes novidades, pois não é isso que qualquer seguidor espera dos Nada Surf. Deles espera-se apenas que nos continuem a brindar com grandes canções, fora de qualquer moda ou tendência, e profusamente melódicas. Sendo assim, The Stars Are... cumpre em absoluto as expectativas. As canções, em número de dez, são ricas em refrões grudantes e em melodias facilmente assimiláveis até pelo ouvido mais negligente. Apesar da maturidade dos seus autores, retêm ainda aquele espírito de juventude que devia ser comum a toda a pop digna desse nome, algo que fica bem expresso em alguns dos títulos ("When I Was Young", "Teenage Dreams"). Talvez ligeiramente mais musculado que os seus antecessores mais próximos, contrapõe com uma suave dose de melancolia reflexiva, própria da idade até para estes eternos jovens de espírito. Diga-se, um pouco à semelhança do último registo dos Teenage Fanclub, velhos compinchas deste lado o Atlântico.
"When I Was Young" [Barsuk, 2012]
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