Reconheço o equívoco: até há pouco, sempre que tropeçava no nome dos Iceage, imaginava mais uma banda a operar na reciclagem chill/dark-wave. Talvez tenha sido do nome, talvez tenha sido da origem dinamarquesa, pois já se sabe da tendência dos nórdicos para a recuperação de lixo tóxico. Por conseguinte, retardei a audição do álbum-estreia New Brigade, sem ter a mínima noção do que andava a perder. E o que andava a perder era simplesmente um dos melhores discos punk dos últimos anos, isto se entendermos o termo punk como uma descarga de adrenalina assistida pela electricidade.
Partindo das premissas mais básicas associadas ao "género", nos seus escassos 25 minutos, New Brigade convoca ainda sensibilidades hardcore e até góticas. As primeiras manifestam-se na tendência para a ruideira e no tom de confronto do vocalista Elias Rönnenfelt, as últimas nas ambiências atmosféricas e, sobretudo, na simbologia pagã da capa. Porém, esteticamente, será mais ajustado arrumar New Brigade no amplo rótulo post-punk, pois reúne algumas das características dos grandes nomes desse período concreto: atonalidade, experimentação e miscigenação. Em jeito de remate simplista, diria que soa a algo próximo de uns These New Puritans do começo, mas com ideias já definidas. Tão mais surpreendente se tivermos em conta que todos os quatro Iceage andam na casa dos 18/19 anos.
"White Rune" [What's Your Rupture?, 2011]
"You're Blessed" [What's Your Rupture?, 2011]
1 comentário:
comigo foi amor à primeira vista; ouvi-los foi dar de caras com os modern english do tempo de mesh and lace. mas sim, é verdade que também tenho algum preconceito em relação à proveniência - se bem que haja pelo menos um bom exemplo vindo da dinamarca. abraço,
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