JOY DIVISION
Atmosphere
[Factory, 1980]
Ian Curtis, rosto e alma dos Joy Division, morreu faz hoje precisamente 30 anos. É inegável que aquele gesto brusco de pôr termo à vida na madrugada de 18 de Maio de 1980 ajudou à criação do mito - o suicide chic, como lhe chamou um cáustico Steven Patrick Morrissey. Mas é também indiscutível que aquele acto foi a extensão lógica do profundo buraco negro sugerido pelas letras de Curtis, carregadas de um sentido poético invulgar em pleno período pós-punk.
Quatro meses mais tarde, Tony Wilson, patrão da Factory Records, e os membros sobrevivos dos Joy Division, entenderam por bem dedicar ao amigo desaparecido o epitáfio perfeito, lançando em formato single "Atmosphere", uma das últimas canções gravadas por Curtis uma das mais claras manifestações do seu estado de alma. Monolito esculpido em mármore negro, a canção é sustentada por um momento de pleno entrosamento entre os elementos da banda: a percussão em cadência minimalista de Stephen Morris, os sintetizadores em estado quase líquido de Bernard Sumner, o baixo circular de Peter Hook, e as vocalizações suspensas por tênues fios de Ian Curtis. O efeito provocado pela audição de "Atmosphere", o meu primeiro contacto com a música dos Joy Division e, ainda hoje, a minha canção preferida de toda a sua obra, é semelhante àquele provocado por um brisa gélida que se entranha nos ossos e nos petrifica irremediavelmente. Em 1988, por alturas do relançamento como single da colectânea Substance, Anton Corbijn, um espectador atento dos Joy Division desde alguns os primeiros passos, dedicou-lhe vídeo a condizer:
1 comentário:
Verdade, as sensações de audição são Indescritiveis.
Abraço
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