"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Singles Bar #44




THE POP GROUP
She Is Beyond Good And Evil
[Radar, 1979]

Se não houvesse outros méritos a atribuir à revolução punk, teríamos obrigatoriamente de referir o ter permitido que toda uma geração de artistas aspirantes se tenha sentido encorajada a libertar a sua veia criativa, sem as amarras dos esteriótipos da cultura popular de setentas. Dos muitos colectivos sobejamente aventureiros que surgiram no Reino Unido de finais da década de 1970, merece especial destaque The Pop Group, um quinteto altamente politizado com origem em Bristol que soube assimilar e expressar o melting pot cultural daquela cidade do sudoeste de Inglaterra, muitos anos antes de esta se tornar conhecida por outras sonoridades que hoje acusam algo mais que desgaste.
Se nos dias que correm o rótulo punk-funk é aplicado a sub-produtos pop destinados a entreter as massas, com "She Is Beyond Good And Evil", mais de trinta anos volvidos desde a sua edição, ainda vem imbuído do significado de puro desafio vanguardista. Na letra, debitada pelos urros psicóticos de Mark Stewart, fala-se de uma baby plenamente alheada dos valores ocidentais, patenteado assim o ideário alienante da banda, o qual recolhia ensinamentos da geração beat, das doutrinas de esquerda, do situacionismo e do niilismo, e até das tribos mais remotas. Musicalmente, aquele que foi o primeiro single do Pop Group (quanta ironia...) resulta como o acaso feliz de cinco músicos que improvisam individualmente, encontrando nesta cacofonia libertária um ponto de convergência que sustenta o tema na sua contundência letal. Consta que o jovem Nick Cave e alguns integrantes da ala arty do post-hardcore tenham retirado daqui apontamentos.
No lado B, "3.38" (precisamente a duração da faixa), mais não é do que o suporte instrumental de "... Good And Evil" reproduzido de trás para a frente. À ideia-base, o produtor de origem caribenha Dennis Bovell (o mesmo que estabeleceria uma relação de cumplicidade com The Clash e Orange Juice) adicionou elementos dub na dose adequada, provocando um efeito a um mesmo tempo hipnótico e aterrador.

2 comentários:

Shumway disse...

Fundamental para a históra do pós-punk.

E muitos devem ter retirado apontamentos.

Abraços

Miss C. disse...

Gosto muito daesta e, resto, de muita música deste 'género' que se fez neste período...