"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O redespertar da Nação
















Numa carreira que já leva mais de trinta anos, Paul Weller já experimentou diferentes estados de graça. Ainda em tenra idade, conheceu a aclamação com os fulgurantes The Jam. Seguiu-se a incompreensão generalizada a que foram votados os Style Council, o típico caso de um projecto à frente do seu tempo. A solo, o trajecto tem-se pautado por alguns altos e ainda mais baixos. Cada vez mais imune às reacções externas, já sem nada para provar, e com um olhar cada vez mais clínico e cínico sobre a vida moderna, o Modfather tem, nos últimos anos, vindo a reinventar-se de forma algo surpreendente para um músico de estatuto consolidado. É neste contexto que surge Wake Up The Nation, o décimo álbum (a solo) recentemente editado e, eventualmente, o mais arrojado de todos. Seguidor da veia vanguardista e das contaminações electrónicas do antecessor 22 Dreams (2008), este novo registo percorre um espectro que vai do rock mais descarnado ao incontornável tempero blue-eyed soul, não enjeitando assomos de blues, de glam-rock, e até de kraut. De entre os temas mais abrasivos, é obrigatório destacar "7&3 Is The Striker's Name", desabafo altamente politizado assinalado pela inconfundível "guitarra tratada" do convidado surpresa - ou talvez não - Kevin Shields. No sector midtempo, o destaque vai todo para o orquestrado e sentido "No Tears To Cry", uma alegada homenagem ao pai recentemente desaparecido. Este último marca também o reencontro com o baixista Bruce Foxton, vinte e oito anos depois do fim dos The Jam, banda da qual o malogrado John Weller foi manager e o primeiro entusiasta.

"7&3 Is The Striker's Name" [Island, 2010]

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