"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 20 de dezembro de 2009

O diário da dor




















MANIC STREET PREACHERS

Journal For Plague Lovers
[Columbia, 2009]

Suponho que, se alguma vez o foram, os habituais visitantes deste blogue não sejam, por estes dias, adeptos dedicados dos Manic Street Preachers (MSP). Eu confesso que nutri por estes irredutíveis galeses um profundo sentimento de afecto que durou quatro álbuns. De então para cá, a descrença cresceu a cada novo lançamento, ao ponto de não dar grande importância à notícia da entrada da banda em estúdio para a gravação do nono álbum sob a batuta do Midas Steve Albini. Na altura especulou-se sobre a possiblidade de este novo disco regressar às sonoridades de The Holy Bible (1994), tanto mais que a banda se propunha musicar algumas letras deixadas pelo desaparecido Richey James Edwards, principal responsável pelo clima opressivo daquela obra-prima. À saída de Journal For Plague Lovers, nova evidência a remeter para aquele disco, com o art work a ser entregue à sempre perturbadora Jenny Saville, artista plástica que tinha desempenhado igual papel em The Holy Bible. E eu, imovível...
Só muito recentemente me decidi pegar em Journal..., e desde logo constato que, não estando perante uma nova Bíblia Sagrada, este é o trabalho mais conseguido dos MSP logo a seguir àquele clássico. Menos hermético e impenetrável, Journal... é mais directo e frontal, inclusive, piscando o olho à exuberância dos dois primeiros álbuns da banda. na recuperação da aspereza das guitarras. Por entre descargas de crueza rock e baladas sentidas, estes treze temas deixam uma vez mais evidente o talento inato de Edwards para condensar em palavras sentimentos como a dor, o desalento, o inconformismo, e a exclusão. Palavras essas, que na voz expressiva de James Dean Bradfield encontram o veículo perfeito. No sucesso desta empreitada, convém não menosprezar o papel de Steve Albini que, ao registar gravações em fita analógica, realça a força das batidas de Sean Moore, um dos principais factores da coesão do disco. Do lote de temas que facilmente entrarão para o grupo restrito dos obrigatórios nos sempre intensos concertos dos Manics, deixo-vos um exemplar no qual a F word foi suprimida para não ferir susceptibilidades (?!). Oh mummy, what's a Sex Pistol?, perguntam eles...


"Jackie Collins Existential Question Time"

3 comentários:

O Puto disse...

Eu comprava religiosamente todos os discos dos Manics, mas este passou-me ao lado. Tenho que lhe dar a atenção devida. Obrigado, abraço e Feliz Natal!

M.A. disse...

Eu também assim fazia, até ao "Know Your Enemy". Mas, tanto esse como o "This Is My Truth..." já deixavam muito a desejar. Com este vais recuperar a fé, tenho a certeza. Um Feliz Natal também para ti, camarada, e um grande abraço.

O Puto disse...

Já encomendei. Edição especial. ;)