"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ao vivo #32

Mercury Rev @ Aula Magna da UL, 29/11/2008

Responsáveis pelo concerto da minha vida há meia dúzia de anos, os Mercury Rev voltaram no passado sábado a entrar para o quadro de honra da minha extensa gigografia, desta vez por motivos bem diferentes. Se o histórico espectáculo do Paradise Garage se caracterizou pelo realce dado à beleza das canções, apresentadas na sua versão mais despida, o show da corrente digressão é uma super-produção que dá primazia ao lado cénico inerente a essas mesma canções, prenhes de misticismo e espiritualidade.
Por conseguinte, a banda surge em palco envolta num imenso manto de fumo, ao som de "Lorelei" dos Cocteau Twins. Ao fundo, onde antes tinham sido projectadas imagens alusivas a filmes, a discos, e a livros da preferência da banda, surgem agora, em contínuo, imagens de motivos naturais, científicos e cosmológicos. Com este enquadramento, e adornados por um jogo de luzes sumptuoso, os temas sucedem-se ininterruptamente, entrando na maioria das vezes em devaneios instrumentais que realçam as capacidades técnicas do quinteto de músicos. Jonathan Donahue, no seu estilo hiper teatralizado, é o mestre de cerimónias. Perante este cenário, por momentos, esquecemos o niilismo que caracterizava os Mercury Rev dos primórdios.
Embora estivessem a promover um novo e belo disco que uma boa parte dos media ignorou (vá-se lá saber porquê!), os Mercury Rev têm plena consciência da relevância do clássico Deserter's Songs (um dos melhores e mais importantes discos das últimas duas décadas, para que conste), o qual é brindado com a parte de leão do alinhamento que rondou a hora e meia de duração, com encore incluído.
No final, deveras emocionado, sai renovada a minha fé no lado mais grandioso da música popular, algo abalada desde que uma trupe de quebequianos desatou a compor hinos apropriados para consumo em cerimónias religiosas de seitas evangélicas.
Como nota negativa, não poderia deixar de destacar as deficientes condições da sala, que nos fazem questionar o habitual preço elevado dos bilhetes dos concertos que lá se realizam: desconfortável, com uma acústica que deixa muito a desejar e, de forma indirecta, algo inibidora das emoções de um público, na generalidade, demasiado contido.

Alinhamento:

"Snowflake In A Hotworld"
"Holes"
"Black Forest (Lorelei)"
"The Funny Bird"
"You're My Queen"
"People Are So Unpredictable"
"Diamonds"
"Tonite It Shows"
"Tides of the Moon"
"Dream of A Young Girl As A Flower"
"Opus 40"
"Once In A Lifetime" (versão quase irreconhecível do tema dos Talking Heads)

"Godess On A Hiway"
"The Dark Is Rising"
"Senses On Fire"

4 comentários:

O Puto disse...

Pronto, já me fizeste arrepender de não ter ido ao concerto. Vou deixar de vir ao teu blog. :p Abraço!

Anónimo disse...

Puto,

bem te podes arrepender porque foi um excelente concerto.
Confesso que não ia com grandes expectativas quer porque conheço mal o trabalho recente dos Mercury Rev quer porque sabia que uma repetição do concerto que vi no Garage seria impossível... Mas, fui surpreendida! Os senhores estiveram à altura e proporcionaram-nos um grande espectáculo.

Pontos negativos:
- Parece que só quem gosta realmente das bandas é que tem que pagar bilhete. A fila das borlas parecia interminável;
- A acústica sofrível;
- As cadeiras demasiado desconfortáveis (as minhas costas ressentiram-se do período de espera);
- As cadeiras que, ainda assim demasiado confortáveis, prenderam completamente o público. Foi uma pena notar que 99% dos presentes na assistência se mantiveram sentados e impassíveis, quais estátuas sem ouvidos e sem olhos, durante todo o concerto. Eu, como sempre gostei de imensas minorias, estive de pé, a dançar, o tempo todo.

M.A. disse...

... e, para deixar o Puto ainda mais arrependido, faltou dizer que a noitada pós-concerto também foi de estalo :)

O Puto disse...

Grrrrrr!!!!