"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

R.I.P.

FRÉDÉRIC CHICHIN
1954-2007

Morreu hoje, vítima de cancro, FRED CHICHIN, uma das metades, juntamente com Catherine Ringer, da banda francesa LES RITA MITSOUKO (LRM).
Nascidos em pleno período pós-punk, os LRM foram, ao longo de quase três décadas o mais original projecto musical nascido em terras gaulesas, tanto por força de uma notória componente teatral proveniente da background do duo, como do caldeirão de influências que misturavam de forma peculiar (pop, música latina, jazz, hip hop, música de dança, chanson...). Apesar de fazerem uso da língua francesa (com pontuais cedências ao inglês), tiveram um considerável acolhimento além-fronteiras.
Na sequência da boa recepção ao disco de estreia homónimo de 1984, do qual foi extraído o popular single "Marcia Baïla", o grupo deu asas à ambição requisitando os serviços do lendário Tony Visconti para produzir os dois álbuns seguintes: The No Comprendo (1986) e Marc et Robert (1988). Do processo de gravação do primeiro resultaria o documentário Soigne Ta Droite, dirigido por Jean-Luc Godard. No segundo, contaram com a colaboração da dupla norte-americana Sparks, óbvios instigadores da bizarria dos LRM. São também notáveis os videoclips desta era, na sua maioria da responsabilidade de Jean-Baptiste Mondino, e muito à frente da generalidade da produção anglo-saxónica.
Depois de Système D (1993), em que participa Iggy Pop, os discos de originais dos LRM começaram a rarear. Mas isso não os impediu de, ainda este ano, terem lançado Variéty.
Os últimos concertos de promoção a este derradeiro disco, por vontade de um moribundo Fred Chichin, não foram cancelados. Foram por isso, ao fim de 27 anos, os únicos em que Catherine Ringer subiu ao palco sem o companheiro de longa data.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

RESSONÂNCIA NA CAPITAL

Em meados da década passada, os barcelences The Astonishing Urbana Fall constituíam o mais arrojado projecto musical nado em terras lusas. Fruto da incessante procura de novas abordagens na sua música, durante a gravação daquele que deveria ser o seu primeiro álbum, a entidade Urbana Fall reencarnou sob a forma LA LA LA RESSONANCE, para a qual transitam todos os seus membros.
É já sob esta nova designação que surge Palisade, editado pela Bor-Land em finais de 2006. Constituído por dezasseis faixas curtas, onde o jazz e o rock transgridem fronteiras, Palisade é, de longe, o mais estimulante objecto musical produzido em Portugal nos últimos doze meses.
Será concerteza este disco que servirá de mote à estreia do projecto minhoto na capital no próximo sábado, 1 de Dezembro, na Galeria Zé dos Bois. Para tornar esta proposta ainda mais aliciante, os camaradas de editora Ölga fazem também parte do cartaz dessa noite.
Não podendo, com grande pena, atender à chamada, não deixo de apelar à presença em massa de todos quantos procuram para além do convencional.
La La La Ressonance no MySpace

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

EU VOU!

Os escoceses SONS AND DAUGHTERS (S&D) visitam a cidade a mui nobre e invicta cidade do Porto no próximo dia 15 de Dezembro. A actuação do quarteto de Glasgow está integrada numa espécie de extensão de Inverno do Festival Heineken Paredes de Coura a ter lugar no Teatro Sá da Bandeira, na qual também participam na véspera os conterrâneos 1990s.
Fiquem igualmente a saber que, no MySpace da banda já está disponível para audição "Darling", o próximo single dos S&D e segundo aperitivo para o álbum This Gift (edição marcada para Janeiro de 2008 pela Domino Records) depois do arrasador "Gilt Complex". Além destes dois temas, no mesmo local pode também ser escutada uma excelente versão de "Killer", original de Seal e b-side deste último.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

OBVIAMENTE, DEMITIA-O




















A partir de agora, para se poder emitir qualquer opinião em público sobre um mau jogo de futebol, passa a ser obrigatório ter no currículo, pelo menos, um título mundial, duas derrotas com a Grécia e um empate com a Arménia. Todos os infractores desta nova deliberação ficam sujeitos à ira de uma besta mal formada.
Saliente-se que estas medidas de emergência foram tomadas apenas para défendê òz ménino.

ECO DOS HOMENS-COELHO

Desta vez não há qualquer efeméride por detrás da lista que se segue, até porque, contra todas as recomendações, os ECHO & THE BUNNYMEN ainda andam por aí. Trata-se apenas de um pequeno tributo à banda responsável por algumas das mais belas canções da colheita de oitentas, que tinha, na pessoa de Ian McCulloch, a melhor voz da geração post-punk.
Previsivelmente, todos os temas da lista pertencem à "primeira vida" dos Bunnymen, antes do infame Reverberation (1990), com a voz de um tal Noel Burke, e da ressurreição em 1997.
De seguida, e com links para todos os temas, os dez mais da segunda melhor banda de Liverpool:

10. RESCUE (1980)

9. THE GAME (1987)

8. THE CUTTER (1983)

7. OCEAN RAIN (1984)

6. OVER THE WALL (1981)

5. SHOW OF STRENGTH (1981)

4. NO HANDS (1982)

3. BRING ON THE DANCING HORSES (1985)

2. ALL MY COLOURS (1981)

1. THE KILLING MOON (1984)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

SETLIST APRIL SKIES @ INCÓGNITO #2

Começou calma esta minha segunda aventura ao comando dos pratos do Incógnito, já sem o nervosismo que típico de uma primeira vez. Contrariando a chuva que caía lá fora, lá para o meio da noite, a coisa foi aquecendo. Nesta hora de balanço, queria aqui deixar expressar a minha gratidão ao Rai por mais esta oportunidade, bem como ao pessoal amigo que marcou presença desde o pontapé-de-saída. Para os potenciais interessados, aqui fica o alinhamento da sessão:

1. deerhunter "intro"
2. my morning jacket "gideon"
3. smog "held"
4. okkervil river "unless it's kicks"
5. menomena "weird"
6. the shins "phantom limb"

7. cold war kids "hang me up to dry"
8. animal collective "for reverend green"
9. ride "dreams burn down"
10. the comas "red microphones"

11. spoon "don't you evah"

12. belle & sebastian "funny little frog"

13. lush (ft. jarvis cocker) "ciao!"

14. camera obscura "lloyd, i'm ready to be heartbroken"
15. the concretes "you can't hurry love"

16. the raveonettes "dead sound"

17. celebration "evergreen"

18. magik markers "taste"

19. throwing muses "not too soon"

20. the organ "memorize the city"

21. electrelane "to the east"

22. sleater-kinney "dance song '97"

23. pretty girls make graves "the number"

24. new order "60 miles an hour"

25. the rapture "sister saviour"

26. klaxons "golden skans"

27. the faint "i disappear"

28. !!! "must be the moon"

29. the chemical brothers (ft. noel gallagher) "let forever be"

30. the kills "no wow (mstrkrft remix)"

31. lcd soundsystem "north american scum"
32. von südenfed "fledermaus can't get it"
33. sons & daughters "dance me in (optimo mix)"

34. the duke spirit "love is an unfamiliar name"

35. pixies "velouria"
36. 1990s "you're supposed to be my friend"

37. les savy fav "what would wolves do?"

38. bloc party "like eating glass"

39. brakes "all night disco party"
40. the rakes "22 grand job"

41. blur "girls & boys"
42. franz ferdinand "do you want to"
43. buzzcocks "ever fallen in love?"

44. arctic monkeys "teddy picker"

45. art brut "emily kane"

46. the strokes "reptilia"

47. yeah yeah yeahs "kiss kiss"

48. sonic youth "bull in the heather"
49. the long blondes "once and never again"

50. love of diagrams "pyramid"

51. siouxsie & the banshees "fireworks"

52. les savy fav "patty lee"

53. pavement "stereo"

54. arcade fire "keep the car running"

55. the national "mistaken for strangers"

56. the walkmen "the rat"

57. radiohead "just"

58. the young knives "weekends and bleak days (hot summer)"

59. interpol "obstacle 1"

60. joy division "digital"

61. tv on the radio "new health rock"

62. arctic monkeys "do me a favour"

63. the lemonheads "into your arms"
64. the smiths "panic"

65. the shins "kissing the lipless"

66. sparklehorse "sick of goodbyes"


Obs.: O tema dos Joy Division passou a pedido de um dos presentes, como alternativa aos Bauhaus, que não podia nem pretendia passar. O mais engraçado é que fez questão de frisar que podia ser qualquer um, desde que não fosse o "Transmission" ou o "Love Will Tear Us Apart". Parece-me que esta forma que algumas pessoas têm de "apreciar" música, quase em exclusividade, dava um estudo interessante. Fica a sugestão para os estudantes de Sociologia...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

MUSAS INDIE #13

Nos últimos anos terá perdido o jeito,é certo. E até já foi vista na companhia de alguns dos seres acéfalos que fazem as manchetes da imprensa cor-de-rosa. Porém, o brilho dos primeiros anos continua a valer-lhe o título de musa...


LIZ PHAIR

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

desCONTROLo

A beleza proveniente do rigor das imagens que Anton Corbijn empresta a Control revela-se insuficiente para salvar a estreia do fotógrafo holandês na realização de longas-metragens da vulgaridade cinematográfica.
Prolongando-se por duas horas intermináveis, Control divide-se em duas partes distintas: uma primeira metade de cenas telegráficas que mais parece uma sucessão de anúncios publicitários de uma qualquer marca de roupa, na qual os clichés do género se sucedem (a cena inicial em que a câmara "varre" o quarto do adolescente Ian Curtis é paradigmática); após a primeira hora, o filme entra em velocidade lenta e os modelos são substituídos pelos actores, porém, a pobreza do guião contrasta com a dimensão da grande Samantha Morton.
Sendo um filme que os indefectíveis dos Joy Division (eu incluído) não irão perder, julgo que a memória de Control será fugaz. A grandeza da música que o sustenta, essa, há muito que se tornou perene...

domingo, 18 de novembro de 2007

MAGNET #77

Chegou finalmente ao burgo o mais recente número da revista MAGNET, publicação indispensável a todos aqueles que desejam andar bem informados das mais recentes movimentações no meio indie. Com honras de capa para Jim James [os My Morning Jacket (MMJ) preparam um novo álbum], este número permite, num rápido folhear, descortinar imensos artigos para devorar: matérias extensas com os já citados My Morning JacketMMJ, Battles, Animal Collective, a nova vaga de seguidores do fingerpicking de John Fahey (Glenn Jones, Jack Rose, Sir Richard Bishop,...), e a retrospectiva das carreiras dos Ween e David You (ex-Jesus Lizard), entrevistas com Siouxsie Sioux e Robert Pollard, e ainda, artigos mais curtos com Emma Pollock (a ex-The Delgados que tem já álbum a solo e nos "oferece" a sua mixtape), Shout Out Louds, The Fiery Furnaces, e o clássico Crazy Rhythms dos Feelies.
Tudo isto é servido dentro do melhor estilo Magnet: grafismo sóbrio, excelentes fotos e textos desempoeirados.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

OLÁ NINA!

Amanhã, 22 horas @ Casa das Artes de Famalicão

Ainda não vai ser desta...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

IF YOU BELIEVE IN X-MAS TREES

CARDINAL
Cardinal
(Flydaddy, 1994; Reedição Wonderland 2005)


Por estes lados há prendas de Natal antecipadas. Chegou hoje pelo correio, e já está a rodar pela quarta vez, a edição remasterizada e expandida (11-faixas-11 que não servem apenas para encher) de um tesouro perdido da década que, mais do que qualquer outra, é a minha. Trata-se de um disco que há muito desejava ter, mas que apenas conhecia em versão pirateada, este único e homónimo álbum dos CARDINAL, um duo nascido do encontro quase acidental, em Boston, de dois singers/songwriters: Richard Davies (australiano) e Eric Matthews (americano).
Em apenas dez canções,
Cardinal condensa tudo o que melhor os Prefab Sprout fizeram, num registo de pop melancólica e sofisticada que evoca a grandiosidade de nomes como Burt Bacharach ou The Beatles.
Nas
liner notes que acompanham a presente reedição, é o próprio Matthews quem nos elucida de forma clara dos princípios por detrás de Cardinal: "We were guys in our 20s at the end of the century seeking to make a great new classic in the old style of the pop masters. Did we even come close to doing it?" A esta pergunta, eu respondo afirmativamente...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

OS TENTÁCULOS DO ATP

A edição americana de 2008 do Festival All Tomorrow's Parties (ATP), em que os Explosions in the Sky são os curadores, conta com uma ressurreição de peso: os POLVO irão reagrupar-se para aquele que será o seu primeiro concerto após a dissolução em 1998.
Banda emblemática (e esquecida) da cena independente norte-americana da década de 1990, liderados pelo vocalista/guitarrista Ash Bowie (também baixista nos Helium), os Polvo são senhores de um percurso ímpar que teve o seu ponto alto no fenomenal Exploded Drawing (Touch and Go, 1996). Apesar da aclamação crítica e de um culto sólido, cessaram funções sem nunca terem atingido o nível de projecção de contemporâneos como Pavement ou Guided by Voices.
Dado ainda não confirmado é a possível aparição dos Polvo na edição inglesa do mesmo evento. Seria pedir muito que fossem incluídos no "pacote ATP" do Primavera Sound 2008? É que para o ano sou bem capaz de dar lá um salto...

domingo, 11 de novembro de 2007

ARTE POP #2

ECHO & THE BUNNYMEN
Heaven Up Here (Korova, 1981)

sábado, 10 de novembro de 2007

A MÃE DE TODOS OS VÍCIOS

Da mesma cena arty de Glasgow que já nos deu a conhecer os Franz Ferdinand, os Sons and Daughters, ou os 1990s, surgem estes MOTHER AND THE ADDICTS. Segundo algumas crónicas certeiras, têm algo de Orange Juice, The Fall e Josef K. A mim fazem-me também lembrar New Fast Automatic Daffodils (e que bela lembrança!).
A totalidade das faixas de Science Fiction Illustrated, o seu segundo álbum, pode ser ouvida e/ou descarregada (sob contrapartida monetária) no sítio da Chemikal Underground. No mesmo local encontram também downloads gratuitos de temas de algumas bandas desta mui interessante editora escocesa.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

AO VIVO # 8

Interpol + Blonde Redhead @ Coliseu dos Recreios, 07/11/2007

Num país onde um circuito de concertos é inexistente, exceptuando um ou outro festival de Verão, raras são as oportunidades de assistir a concertos de bandas estrangeiras no seu período de maior fulgor, i.e., na generalidade dos casos, os primeiros anos das respectivas carreiras. Assim, as escassas promotoras que detêm o monopólio dos concertos em Portugal, optam por não correr riscos e trazem cá as bandas depois de consolidadas junto das massas, e em versão technicolor (não esquecer que este é o país em que o Bonio foi condecorado pelo Presidente e onde metade da população já viu os Stones ao vivo... nos últimos cinco anos!). Foi assim com The Strokes no ano passado, e foi assim com os INTERPOL ontem à noite.
Podem-se acusar os Interpol de serem monocórdicos e pouco expressivos, mas não de estúpidos. Cientes de que Turn On The Bright Lights continua a ser o único contributo válido para a história recente da música popular, apresentam os temas desse disco nos momentos chave do concerto: no início (a entrada a matar) e no encore (a saída apoteótica). A julgar pela ausência das palminhas (o que o pessoal gosta mesmo é de concertos em Alavalade) durante temas como "Stella..." ou "PDA", a maioria do público não pensará da mesma forma. A entremear esses momentos altos, os Interpol desfilaram os hits indistintos dos dois últimos discos. A destoar (elogio) houve aquele exercício Spacemen 3 sem drogas (penso que se chama "The Lighthouse") que não caiu nas graças da maioria.

Antes dos Interpol, passou pelo palco o principal motivo da minha deslocação ao Coliseu. Num corcerto típico de uma primeira parte, curto e sem grande aparato cénico e sonoro, os BLONDE REDHEAD entraram em palco com o excelente "In Particular", já do ano de 2000. No pouco tempo restante, apresentaram meia dúzia de temas dos dois últimos discos que, apesar de um maior pendor soporífero, resultam em palco bem mais encorpados. Muito bonito e a saber a pouco.

PÁRA TUDO!

Lembram-se deste post? Pois parece que KEVIN SHIELDS vai mesmo cumprir a sua palavra. E mais cedo do que o esperado! Todos os detalhes aqui.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

EM ESCUTA #21

MAGIK MARKERS
Boss (Ecstatic Peace, 2007)

Dos MAGIK MARKERS (MM) guardo a recordação de uma excelente performance, ainda em formato trio, no palco da ZdB em finais de 2005. O palco sempre me pareceu, aliás, o ambiente natural para o noise rock fortemente enraízado nos ensinamentos da no wave desta banda do Connecticut. Terão sido estas características que atraíram a atenção dos Sonic Youth que os convidaram para algumas primeiras partes e, consequentemente, os MM assinaram pela editora de Thurston Moore.
Chegados a 2007 reduzidos ao duo Elisa Ambrogio (voz, guitarra) e Pete Nolan (bateria), e fruto de um constante work in progress documentado nos inúmeros CD-Rs gravados, contando com Lee Ranaldo na produção (que também dá uma mãozinha nas guitarras), os MM operam em Boss uma autêntica revolução no seu percurso, propiciando comparações a alguns contágios pop em cenário sónico de bandas como The Breeders, Helium ou Belly. Os maiores exemplos deste estado de coisas são também as duas maiores surpresas de Boss: a balada ao piano de "Empty Bottles" e a beleza planante da electro-acústica "Bad Dream". No extremo oposto a estes temas estão os resquícios de maior experimentalismo , seja o silvo dos primeiros instantes do inicial "Axis Mundi", sejam os loops fantasmagóricos do derradeiro "Circle".
Extremismos à parte, os grandes momentos de Boss resultam de um saudável equlíbrio entre os diferentes elementos: as melodias circulares e a voz lânguida de Ambrogio hipnotizam durante os nove minutos de "Last Of The Lemach Line", e "Taste" é um tema cativante que poderia resultar da união de esforços dos Sonic Youth e Patti Smith, com o baixo dos Morphine.
No seu espectro, duvido que Boss tenha paralelo em tempos mais recentes, pelo que, penso ser quase obrigatório para todos os apreciadores do género. Vejam uma pequena amostra aqui.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

MUSAS INDIE #12

You think you push it but you don't touch me at all
Between my/her legs is a smooth marble hall
in "Dark Is Light Enough"

LIELA MOSS

(a propósito deste post)

AINDA HÁ HERÓIS

A imagem ao lado retrata os KITCHENS OF DISTINCTION, uma das mais importantes e influentes (olá Interpol!) bandas indie da transição dos oitentas para os noventas.
O caixa-de-óculos ao centro é Patrick Fitzgerald, vocalista que desistiu de uma carreira na medicina para enveredar pelo fascinante mundo da pop.
Após o fim dos Kitchens, Fitzgerald tem seguido uma interessante carreira a solo longe das luzes da ribalta, primeiro como FRUIT, editando apenas um álbum em 1997 e, de então para cá, sob o alter ego stephenhero, já com um punhado de discos no currículo.
O último desses discos é o recente 57 stars of the air almanac (Ragoora), belíssima colecção de canções sem a torrente de guitarras de outrora, mas onde continua bem vincada uma certa queda para o romantismo exacerbado. Recomendável a todos os saudosistas.
stephenhero no MySpace

domingo, 4 de novembro de 2007

SINGLES BAR #16

SEBADOH
Soul And Fire (Domino, 1993)

It's all a matter of soul and fire
Infatuation or true desire
The thrill of discovery, divine intervention
Cruel, cruel change, pain of rejection
As you walk away, think of all the joy we shared
If you decide you need me, I'll be wondering if I care
Not there to soothe your soul, friend to tender friend
I think our love is coming to an end

Em 1989, insatisfeito com a papel dominador de J Mascis, Lou Barlow abandonou os Dinosaur Jr.. Nesta altura, tinha já criado o projecto SEBADOH, igualmente um trio e veículo para as composições que não tinham lugar nos discos dos Dinosaur.
Quando editaram Bubble And Scrape, o álbum que abre com "Soul And Fire", os Sebadoh dispunham já de um considerável culto nos restritos meios underground. O ponto de viragem deu-se com este single que, longe de ser um sucesso comercial, foi alvo de rodagem insistente nas college radios norte-americanas, expondo a música do trio a um público mais alargado.
Para aqueles que conhecem aquela que será, provavelmente, a melhor break-up song da história do indie rock é fácil perceber os motivos que levam "Soul And Fire" a ser, ainda hoje, a canção mais aplaudida dos Sebadoh (como aconteceu no concerto de Barlow a solo, há coisa de dois anos, na ZdB). Como todas as grandes canções pop devem ser, "Soul And Fire" é bela e incisiva: o tom de abandono na voz, subindo ligeiramente apenas no refrão, e a economia de meios do acompanhamento instrumental, fazem com que a letra vá directa ao ouvinte.
Sendo uma canção que aborda uma temática muito delicada, cantada de forma tocante, impressiona a forma como "Soul And Fire" está tão longe de soar lamechas. Será aí que reside todo o seu poder de sedução.
Vídeo de "Soul And Fire" (ao vivo 02/09/2007)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

PARECE QUE...

... o casal Pinhão-Botelho, movido pela paranóia justiceira que lhes dá de comer, brincou com o fogo e queimou-se...
Desejo que a recuperação seja longa e penosa, Sr. Botelho. Durante esse período, o cinema português não irá decerto sentir a sua falta.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

ALL IS FULL OF LOVE

LOVE
Forever Changes (Elektra, 1967)

Passam neste mês de Novembro 40 anos desde a edição de Forever Changes, a obra-prima dos californianos LOVE e presença habitual nos lugares cimeiros das listas dos "melhores de sempre", ombreando com discos da magnitude de Revolver, Pet Sounds, ou Marquee Moon.
Obra maior do psicadelismo west coast, Forever Changes é o momento alto da carreira desta banda que soube marcar a diferença em relação aos seus pares: por contraponto ao folk rock dos Byrds, ou à pseudo-poesia cerimonial dos Doors, os Love produziam gemas pop onde, não raras vezes, os sopros mariachi davam um ar da sua graça.
Falar de Forever Changes é falar de Arthur Lee, anti-hippy assumido, figura carismática e conturbada até ao momento da sua morte há pouco mais de um ano que, com voz aveludada, entoava letras de um beleza extrema onde as referências sexuais eram uma constante. Além de frontman da banda, era também o seu principal compositor. Quis o destino que "Alone Again Or", uma das duas composições do guitarrista Bryan MacLean incluídas em Forever Changes, se tornasse a canção mais conhecida dos Love. No entanto, podem aqui encontrar motivos de sobra para a santificação de Arthur Lee enquanto compositor e intérprete: "A House Is Not A Motel", "Andmoreagain", "The Red Telephone", "You Set The Scene", e... todas as outras!
É para definir discos deste calibre que existe o adjectivo perfeito. A melhor forma de comemorar Forever Changes é ouvindo-o vezes sem conta. Durante a audição, apaguem a luzes e imaginem-se na imensidão de um deserto a contemplar o firmamento...

ARTE POP #1

Lembrando e, simultanemente, homenageando este excelente blogue infelizmente extinto, inicio hoje uma nova rubrica. Nela darei destaque a capas de discos que, extravasando o fim a que se destinam, são autênticas obras de arte. O pontapé de saída é dado por uma banda que julgo não ter tido o reconhecimento merecido no seu período de vida e que, faço questão de lembrar mais uma vez. Não querendo soar pretensioso, penso tratar-se de uma capa a que só os mais versados nas linguagens pop darão o devido valor.

THE AFGHAN WHIGS
Debonair [single] (Blast First, 1994)