Num país onde um circuito de concertos é inexistente, exceptuando um ou outro festival de Verão, raras são as oportunidades de assistir a concertos de bandas estrangeiras no seu período de maior fulgor, i.e., na generalidade dos casos, os primeiros anos das respectivas carreiras. Assim, as escassas promotoras que detêm o monopólio dos concertos em Portugal, optam por não correr riscos e trazem cá as bandas depois de consolidadas junto das massas, e em versão technicolor (não esquecer que este é o país em que o Bonio foi condecorado pelo Presidente e onde metade da população já viu os Stones ao vivo... nos últimos cinco anos!). Foi assim com The Strokes no ano passado, e foi assim com os INTERPOL ontem à noite.
Podem-se acusar os Interpol de serem monocórdicos e pouco expressivos, mas não de estúpidos. Cientes de que Turn On The Bright Lights continua a ser o único contributo válido para a história recente da música popular, apresentam os temas desse disco nos momentos chave do concerto: no início (a entrada a matar) e no encore (a saída apoteótica). A julgar pela ausência das palminhas (o que o pessoal gosta mesmo é de concertos em Alavalade) durante temas como "Stella..." ou "PDA", a maioria do público não pensará da mesma forma. A entremear esses momentos altos, os Interpol desfilaram os hits indistintos dos dois últimos discos. A destoar (elogio) houve aquele exercício Spacemen 3 sem drogas (penso que se chama "The Lighthouse") que não caiu nas graças da maioria.
Antes dos Interpol, passou pelo palco o principal motivo da minha deslocação ao Coliseu. Num corcerto típico de uma primeira parte, curto e sem grande aparato cénico e sonoro, os BLONDE REDHEAD entraram em palco com o excelente "In Particular", já do ano de 2000. No pouco tempo restante, apresentaram meia dúzia de temas dos dois últimos discos que, apesar de um maior pendor soporífero, resultam em palco bem mais encorpados. Muito bonito e a saber a pouco.
18 comentários:
Não sei se conseguiste ver, mas havia miúdas de 13 anos nas grades com cartazes de proclamação de amor pelo Paul, e outras a fazerem coraçõezinhos com as mãos... À parte esses momentos hilariantes, o concerto foi magnífico, tanto dos interpol como dos blonde redhead. Já fazia uns tempos que eu não ia a um concerto destes, aqui no Porto nem se cheira a música desde que o hardclub fechou...
Eheheheh, é o chamado elogio cáustico: "único contributo válido!"... :))) Já trocámos suficientes impressões sobre isto, e pessoalmente acho que o Antics é tão bom ou melhor que o TOTBL. Os gostos discutem-se, mas não se mudam.
Eu acho o The Lighthouse um tema lindíssimo, mas no meio do concerto perde muito do efeito psico-coiso.
Abraço
Eu cá, mesmo sem ter visto o concerto, faço minhas as palavras do M.A.; mesmo quando diz que se deslocou ao Coliseu sobretudo para ver Blonde Redhead. Há 3 anos não seria assim mas hoje não pode ser de outra forma. In Particular... é essa a música mais antiga que conheço dos Blonde Redhead e era um título que andava há uns meses a ver se me lembrava sem o conseguir...
Quase tenho pena de ter decidido não ir só por não poder estar aqui a destilar fel, contigo.
Tanto que eu gosto de dizer mal...
Só uma correcção: o primeiro tema da noite foi do álbum Our Love To Admire e era o Pioneer To the Falls. Grande concerto dos Interpol.
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http://toxicidades.blogspot.coom
Reinaldo:
Acredita que os miúdos(as) de 13 anos não me fazem confusão nenhuma. São miúdos e estão na idade própria para essas coisas, seja com os Interpol, com os My Chemical Romance, ou com os Slipknot. Aborrecem-me um bocadinho mais aqueles adultos a fazer aquele gesto com o braço, misto de pose hip-hop e saudação nazi. São os tais que se julgam muito "alternativos" só porque ouvem a Radar e conhecem os Arcade Fire, os Strokes, e os Interpol mas, se calhar, ainda não ouviram falar dos Modest Mouse ou dos Shins.
Joe:
Acredita que o elogio a "The Lighthouse" não tem nada de cáustico. Até o acho um dos temas mais interessantes deste último disco (dos que conheço). Por acaso na altura em que tocaram (mais ou menos sucessivamente) os hits de "Antics", comentei (aqui sim ironicamente) com o Puto que era a 1.ª vez que via uma banda repetir canções num concerto.
Anónimo(a):
Não foi um mau concerto, diga-se. Muito acima do tal dos DM. Diria apenas que foi "music for the masses" :)
Carlos:
Bem sei que o 1.º tema foi "Pioneer to the falls", que por acaso considero o melhor tema dos Interpol pós-TOTBL (apesar de ser um decalque dos Kitchens of Distinction). Quanto a ter sido um grande concerto, segundo consta, o do Rufus na véspera foi maior (o concerto, note-se). Ao que parece, a coisa rondou as três horas de duração :)
Beijos & Abraços
Obviamente que quando disse "grande concerto" não me referia ao tempo mas ao concerto em si; foi bom.
Não escondo que me fez confusão a malta tão nova, se calhar porque não estou habituado a este tipo de concertos mais "soft" que a minha área, mas também porque duvido muito que consigam atingir a profundidade das letras dos interpol, ou que se apercebam da realeza do fogarino a tocar :) Não obstante isso, até conheci 2 miuditos de 14 anos que eram impecáveis, mesmo sossegados.
nota: foi-me dito com diminuta margem de erro, que uma das músicas dos interpol entra nos célebres morangos com açucar. a ser verdade compreende-se que lá estivessem tantos miúdos.
Bom, essa agora matou-me... Fico à espera de ver a Floribella cantar o She's lost control. Ou o Adolfo L.C. a ter uma participação especial nas Chiquititas.
Só espero que não fossem estes pensamentos que ocorressem aos mais velhos de então quando eu, tenrinha com os meus 16 anitos, me iniciei nos concertos. Já estou como o um amigo meu disse no outro dia a propósito de outra situação "Porra, vocês querem a exclusividade."
Caro m.a., não sei se a piadinha com feldspato é para mim ou para algum dos meus amigos (eu pelo menos senti-a como tal e quem não se sente não é filho de boa gente), de qualquer forma digo-te, e tu como moço iluminado que és deverás sabê-lo tão bem quanto eu, que os verdadeiros nazis não se manifestam em público.
Mantenho a expectativa de para uma próxima oportunidade poder ouvir e não ler as considerações que teceste. Seria mais prazenteiro e menos constrangedor para todos.
Desta sua admiradora que ouve música pseudo-alternativa desde 1987,
Cara Extravaganza:
Só posso ficar abismado na presença de uma imaginação tão fértil.
Stay cool!
A minha sugestão é: apaguem-se estes dois últimos comentários e dialoguem cara-a-cara, como pessoas civilizadas que são, e que até se dão (relativamente) bem. ;)
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Ass.: Ms. Oaktree, a pacificadora (sim, já passei a fase da porrada...)
Apesar de gostar muito dos londe Redhead, já não vou a concertos só pelas primeiras partes. Fiquei escaldado com casos anteriores e uma deslocação a Lisboa durante a semana tem que ser bem justificada. Abraço.
Oops. Esqueci-me do "B" em "Blonde".
oaktree: porrada é cool! Não largues isso! A paz não funciona, olha lá o nosso mundo! Vês paz em algum lado!?
:D
Caro m.a.:
Nota que nunca me demiti da minha condição de tua admiradora. Só fiquei aborrecida por pensar que os comentários eram comigo (afinal era eu que estava no teu campo de visão). Já cá não está quem delirou.
As minhas humildes e constrangidas desculpas.
Pedido de desculpas aceite!
Infelizmente, no meu campo de visão estavam mais algumas centenas. Se assim não fosse, teria podido ver melhor o concerto. Talvez tivesse gostado mais... :))
Yourself ;):
Como dizia o MEC (antes de ser um yuppie burguês, passe a redundância), há um tipo de paz que funciona: é a paz-paz nas pensões. Penso que se referia às pensões do Intendente e zonas adjacentes :)
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