Danny Boyle
(c/ Cillian Murphy, Rose Byrne, Chris Evans, Cliff Curtis)
Desde a sua estreia no fulgurante Shallow Grave que este ilustre cidadão de Manchester tem traçado um percurso errático e eclético. Com um breve período de desnorte assinalado na parelha de filmes que sucederam a consagração através do iconográfico Trainspotting, Boyle haveria de recuperar a boa forma, perante a indiferença de muitos, no delirante 28 Days Latter.
Perante semelhante currículo, já nada surpreende em Danny Boyle, nem mesmo o mergulho no género sci-fi puro-e-duro (com laivos de filme B) que Sunshine constitui.
A partir de um engenhoso e original argumento do romancista Alex Garland (autor de The Beach, já adaptado por Boyle), o realizador britânico constrói um espectáculo visual no qual se conta o trajecto da tripulação de 8 elementos da Icarus II numa viagem rumo ao Sol. Estando a estrela-rainha a morrer, o objectivo destes astronautas é detonar aí uma bomba de poder desconhecido, permitindo a continuidade da vida na Terra.
Assim "no papel" o enredo não parece mais do que uma entre tantas outras histórias esgrouviadas, tão frequentes no cinema de aventura. Mas o que torna Sunshine único é a sua beleza, tanto lírica como visual, proporcionando um filme de uma dimensão humana pouco habitual no género. Sendo sobretudo um ensaio da impotência da ciência perante a "força de Deus", Sunshine retrata ainda de forma crua a conduta do Homem perante a adversidade, a solidão e o medo do desconhecido.
Referências notórias a 2001 de Kubrick e Alien de Ridley Scott, antes de serem plágio, são tributo.
Uma palavra elogiosa ainda para a música, resultante da colaboração de John Murphy com os Underworld, que constitui um bom complemento para a beleza das imagens.
2 comentários:
Espero bem que se redima, pois achei o "28 Days Later" muito mau.
Olha que eu gostei. Não está à altura deste, é certo, mas mesmo assim é bem melhor que os dois anteriores.
Abraço!
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