New Wave (Hut, 1993)
Enquanto militava numa banda indie semi-obscura na segunda metade dos anos oitenta (The Servants), nada fazia prever o génio escondido no rapaz loiríssimo que respondia pelo nome de Luke Haines.
Já com a última década do milénio a decorrer, Haines criaria The Auteurs, nada mais do que um veículo para discorrer de forma verrinosa sobre a sociedade britânica.
A abrir as hostilidades, este New Wave pintava o retrato das estrelas do show bizz com um repúdio, um distanciamento e uma falsa ingenuidade tais que, por vezes, roçavam a arrogância. Antecedendo em doze meses Parklife dos Blur, New Wave acabaria por ser o pontapé de saída da febre britpop, honra que o subservivo Haines sempre rejeitou. Mas, ao invés do folclore garrido da banda de Damon Albarn, os Auteurs optavam pela confecção de uma pop sóbria e elegante, devedora de antepassados do calibre de The Kinks e The Go-Betweens, ambas referências incontornáveis de um cinismo venenoso mascarado de alquimia pop. Como exemplo, oiçam o veludo da voz a esconder as farpas afiadas de temas como "Showgirl", "Bailed Out", "Starstruck" ou "How Could I Be Wrong". E digam lá se neste último não lhes vem à memória o nosso actual PR?
Pararelamente à carreira dos Auteurs, encerrada em 1999 ao fim de quatro álbuns e sem o reconhecimento merecido, Luke Haines encontrou ainda outras duas formas de destilar veneno: Baader Meinhof e Black Box Recorder.
E é na derradeira faixa do derradeiro disco dos Auteurs que se lança a profecia: as gerações futuras saberão reconhecer o génio de Mr. Haines. Esperemos bem que a profecia esteja certa...
1 comentário:
Grande disco. Outro grande compositor de canções que merece destaque.
Dos BBR gosto muito do "Facts of Life".
Abraço
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