"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 22 de abril de 2007

EM ESCUTA #12

LOW
Drums And Guns (Sub Pop, 2007)

Como prometido por Alan Sparhawk há uns meses atrás, o oitavo disco dos Low é composto por treze canções sobre homicídios. Com uma temática destas, e tendo em conta as mudanças estéticas ameaçadas pela banda em Trust e consumadas no fabuloso The Great Destroyer, em que o "som Low" se abriu à força das guitarras barulhentas, era de esperar o disco mais abrasivo de toda a sua carreira.
Perante estas expectativas, a desilusão que Drums And Guns constitui é grande. Os Low não só não aprofundaram as experiências mais recentes, como não retrocederam à tensão arrastada do passado mais distante, preferindo dar um passo ao lado num disco envolto num torpor que muitas vezes roça o aborrecimento. Suspeitas de que Zak Sally, o baixista de longa data que abandonou o barco após The Great..., teria um papel mais preponderante do que se suporia são assim perfeitamente fundamentadas.
Feito de órgãos, pianos, percussão minimalista e omnipresentes contaminações de electrónica abstracta, Drums And Guns consegue ser, apesar do teor negro das letras, o disco mais luminoso dos Low, facto a que não será alheio o polimento inesperado na voz de Sparhawk e a curta duração da maioria das faixas, insuficiente para ganharem a densidade habitual.
Na segunda metade do disco, as guitarras ainda dão um ar da sua graça em três dos melhores temas: "Hatchet", com a excelente tirada "let's bury the hatchet like The Beatles and The Stones", "Your Poison", que se prolonga por pouco mais de um minuto, e "In Silence", feita em crescendo com fim abrupto. Mas a parte de leão acaba mesmo por pertencer a "Take Your Time", com intro de sinos e piano, com mudanças de velocidade e um vocal de um arrebatamento bigger than life.
Não tivessem os Low um catálogo suficientemente meritório para construir bons espectáculos aos vivo, e as minhas expectativas para 2 de Junho ficariam mais reduzidas.

Sem comentários: