"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ao vivo #74
















Pink Mountaintops + Asimov @ Galeria Zé dos Bois, 12/11/2011

Pelo trabalho desenvolvido de há uns anos a esta parte, tanto nos Black Mountain como nos Pink Mountaintops, Stephen McBean tem já lugar cativo no cenário da música canadiana da última década. Se nos primeiros recupera alguns delírios stoner-rock, no projecto pessoal e paralelo olha igualmente para o passado, concretamente para a facção mais transgressora da história rock que vai dos Velvet Underground aos Spacemen 3, dos Pink Floyd aos Suicide. À excepção destes últimos (ainda assim com "sentir europeu"), todas as referências são inglesas, contudo, McBean faz questão de "americanizar" o todo por meio do seu timbre nasalado.

Para o concerto do passado sábado, no qual se apresentou à guitarra, acompanhado apenas de um teclista, o menu consiste na revisitação dos três álbuns do reportório, com os temas devidamente contextualizados para este formato de banda reduzida. Na transfiguração a que se assiste em palco, o companheiro das teclas desempenha especial papel ao sustentar a estrutura de cada tema, deixando para o protagonista a tarefa de impregnar a sala da ZdB com pequenos trechos de cariz narcótico. O som é preparado a rigor com bastante eco, essencial para a criação de uma atmosfera de delírio. Inicialmente num volume demasiado baixo, só com decorrer do espectáculo se encontra a equalização óptima para a envolvência pretendida. Em regime relaxado, talvez até com alguma carência de dinamismo, McBean confirma algo do qual já se desconfiava: como poucos músicos contemporâneos sabe conjugar as diferentes linhas com que se cose a história pop/rock das últimas cinco décadas, sem que o resultado final soe a algo de pessoal e não meramente derivativo. 

Os primeiros sons da noite ficaram a cargo dos portugueses Asimov, dupla nascida das cinzas de uns tais Brainwashed by Amalia (sérios candidatos ao título de pior nome de banda de sempre da música moderna nacional). Depois de se apresentarem com nome de escritor de ficção-científica, os primeiros acordes deixam claro que se poderiam ter apresentado como Wolfmother que ninguém daria pela diferença. Como já terão percebido, estamos perante mais um projecto rendido a essa estranha tendência para o rock mais primitivo e "azeiteiro" de setentas. Reacção às tentações punky e arty de outros? Quer-me parecer que sim. A meio do segundo tema, ruma-se ao exterior numa entrega aos prazeres tabagistas que amenizam a tortura que soa em fundo.

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