"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ao vivo #73
















Max Richter @ Teatro Maria Matos, 05/11/2011

Nome geralmente associado a esse rótulo vago que é a neo-clássica, Max Richter é daqueles que não enjeita a oportunidade de imiscuir a electrónica com a ortodoxia normalmente associada às correntes musicais em que se movimenta. É também useiro e vezeiro no mercado das bandas sonoras, factor que, por si só, terá determinado a afluência de público em número suficiente para lotar o anfiteatro do Maria Matos. O músico e compositor, nascido na Alemanha mas de nacionalidade britânica, apresenta-se em palco munido de piano e laptop, este gerador de interferências electrónicas. A acompanhá-lo, um quinteto de cordas: dois violinos, uma viola de arco, e dois violoncelos. 

A primeira parte do concerto (ou o concerto propriamente dito) é reservada à execução de Infra (2010), último trabalho da chamada discografia não-concessionada. Como o próprio título indica, esta é uma obra de elementos minúsculos, quer na duração dos diferentes "andamentos", quer nos pormenores que se revelam sob o manto da melancolia. Precisamente pela curta duração dos trechos, a envolvência não é equiparável à da experiência da audição em disco, pois em palco deixam a sensação de não fluir o suficiente para enlear o espectador. Só perto do final, com o crescendo da tensão, se dá o clique que faz o público estremecer na pacatez entretanto instalada, e apenas abalada pelas imagens projectadas, inspiradas pela própria capa do disco e que remetem para a temática da solidão nas sociedades modernas. Se o propósito era o de "adormecer" o público para, por fim, lhe injectar ondas de choque, podemos dizer que Richter cumpriu os seus intentos. 

Seguindo um longo intervalo, a segunda parte do concerto é quase uma espécie de greatest hits. É nesta fase que são apresentados alguns trechos compostos propositadamente para filmes, tais como os celebrados Shutter Island (logo a abrir) e Valse Avec Bachir. Ao rigor formal da primeira parte, este "segundo acto" prima pela variedade, tanto de tonalidades, como de ambientes sensoriais, sacrificando, obviamente, alguma coesão. Para finalizar em ponto de rebuçado, o magistral "The Trees", do já distante The Blue Notebooks (2004), seria a escolha perfeita. Seria, porque toda a magia foi atraiçoada pelas medíocres condições sonoras, uma constante ao longo de todo o espectáculo e agravadas perto do encerramento. Porém, para a maioria do público, esta foi apenas uma questão de pormenor que não impediu a ovação final.

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