The Antlers @ Lux Frágil, 03/11/2011
Cruzei-me pela primeira vez com os nova-iorquinos The Antlers à coisa de ano e meio. Na altura, traziam na bagagem o críptico Hospice, disco pelo qual nutria tal entusiasmo que o encontro se revelou uma desilusão, não só pela deficiente transposição para palco imputável à banda, como também pelas sofríveis condições sonoras do concerto. Para o acto da passada quinta-feira, uma espécie de prova dos nove pela minha parte, traziam o recente Burst Apart, registo apenas mediano que, embora alinhando pela melancolia, dissipa muito do negrume do antecessor.
Antes de mais delongas, gostaria de pronunciar que os Antlers falharam no teste, mesmo em condições técnicas satisfatórias para os parâmetros Luxianos. Uma vez mais, a música parece ganhar uma nova identidade, um clima bem diverso do propiciado pelos discos. Nestes, as omnipresentes electrónicas são a cola que liga, com alguma discrição, a estrutura de cada canção. Já em palco, embora menos presentes, soam mais ostensivas, rudes, quase intrusivas. À falta do envolvimento e do recato que caracteriza a obra gravada, o líder Peter Silberman exibe toda a sua gama de tiques vocais, por vezes a aproximar-se demasiado dos territórios de Bon Iver. O truque, repetido ad nauseum, a roçar o exibicioismo, parece não esmorecer a histeria da fileira emo situada mesmo à minha frente.
Em abono do trio (alargado a quarteto quando em palco), podemos até dizer que foi um concerto competente e esforçado na simpatia nervosa (com franqueza, há um certo tipo de humor americano que eu não atinjo...). No entanto, a sensação com que saio da cerca de hora e meia de função, é que a performance carece de dinamismo, como se as canções fossem despejadas, umas a seguir as outras, sem que se vislumbre a naturalidade que faz de um concerto um acto uno. Perdoem-me os entusiastas (e houve muitos a manifestar-se com convicção), mas com The Antlers há duas sem três...
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