Não se pode dizer que tenham sido particularmente produtivos os primeiros anos do novo século dos Eels, ou, melhor dizendo, de Mark Oliver Everett. Ultrapassados os dias do ócio, aquele que é também conhecido pelo singelo E parece agora atravessar um período em ritmo de hiper-actividade, difícil de acompanhar até pelo seguidor mais dedicado. Nesta lógica prolífica, pouco mais de meio ano volvido desde a edição do óptimo Hombre Lombo, surge End Times. Se a dúzia de canções que compunham aquele tinham por temática o desejo, o novíssimo disco debruça-se sobre o divórcio (do próprio E), o envelhecimento e a tomada de consciência da mortalidade.
Entra-se em End Times e, ainda não ultrapassado o primeiro terço dos temas, somos confrontados com baladas negras de voz cava ao estilo de Mark Lanegan, rock'n'roll primevo, baladas ébrias dignas de um Tom Waits vintage, e lamentos distorcidos que parecem saídos da linha de montagem de Mark Linkous. No que resta do disco, estas e outras referências diluem-se em várias canções frágeis de alto teor confessional e até em raros momentos de catarse noise rock. Escusado será dizer que o cunho pessoal destas composições poderá causar no ouvinte, se não algum desconforto, uma curiosidade voyeur. Da aparente manta-de -retalhos estilística que é End Times resulta, inesperadamente, um trabalho deveras coeso, eventualmente a segunda obra-prima no currículo dos Eels depois do igualmente circunspecto Electro-Shock Blues (1998). O mood actual de Mr. E pode ser testemunhado (na íntegra) aqui.
"In My Younger Days" [Vagrant, 2009/2010]
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