"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 5 de março de 2009

Singles Bar #31



















GRANT HART
2541 [SST, 1988]

"Jimmy gave us the number
and Gerry gave us a place to stay
and Billy got a hold of a van
and man, we moved in the very next day
to twenty-five forty-one
big windows to let in the sun
twenty-five forty-one
(...)
now everything is over
everything is done
everything's in boxes
at twenty-five forty-one"

Muitas vezes visto como figura secundária quando comparado com o ex-ccompincha Bob Mould, Grant Hart foi cantor/compositor de quase metade das canções dos Hüsker Dü na sua fase mais relevante. Na influente banda de Minneapolis, Hart era sobretudo o principal impulsionador da veia melódica, por oposição ao pendor mais abrasivo das composições de Mould. Curiosamente, após o fim acrimonioso dos Hüsker Dü, o início da aventura a solo de Hart foi até mais fulgurante do que a do seu antigo colega. Pelo menos enquanto o consumo de drogas não se tornou uma actividade quase a tempo inteiro...
O cartão de visita ao mundo pós-huskers deu-se com este single, talvez intencionalmente, a milhas de distância da sonoridade anteriormente praticada. O tema-título baseia-se essencialmente numa melodia simples de guitarra acústica, em crescendo de tensão nos momentos mais dramáticos da voz. Com a totalidade dos instrumentos tocados pelo autor, "2541" revela-se uma canção de um intimidade chocante. Nela se conta a ascensão e queda de um relacionamento que parece ter deixado marcas profundas em, pelo menos, uma das partes. Quando questionado, Grant Hart nunca escondeu haver em "2541" não só uma referência explícita à história dos Hüsker Dü, mas simultaneamente a uma aventura amorosa: por coincidência, o número do título era o da porta da sala de ensaios da banda, e também o do apartamento partilhado com outra pessoa.
Robert Forster, o membro sobrevivo dos Go-Betweens, ele próprio um artesão de grandes canções, haveria de reconhecer as qualidades de "2541" gravando uma versão. O próprio Grant Hart, no ano seguinte ao da edição original, haveria de incluir uma nova versão, com arranjos mais elaborados, no álbum Intolerance (Aviso à navegação: obrigatório!). Como grande canção que é, a segunda gravação de "2541" sobrevive com distinção à operação de cosmética, mas não supera a simplicidade despida da original.

2 comentários:

Shumway disse...

Um disco perdido este "Intolerance".
Realmente o Mould conseguiu gerir melhor a carreira pós-Husker.

Abraço

M.A. disse...

Perdido e muito bonito. Tenho-o ouvido com alguma frequência nos últimos tempos.

Abraço