A.R. KANE
69 [Rough Trade, 1988]
Sem o saber, haverá desse lado muita gente que conhece o trabalho de Rudi Tambala e Alex Ayuli pelo seu envolvimento em "Pump Up The Volume", hit massivo dos M/A/R/R/S em 1987 que soa hoje algo datado mas que, à data, constituiu um marco na afirmação da música de dança. Bem menos conhecido das massas é o trabalho da dupla a tempo inteiro enquanto A.R. Kane, nome que, na minha opinião, é merecedor de um estatuto semelhante ao dos My Bloody Valentine como pioneiros na exploração das potencialidades do estúdio de gravação.
Recorrendo em igual medida aos instrumentos convencionais e às novas ferramentas tecnológicas para a feitura de 69, o primeiro álbum depois de um conjunto de singles promissores, os A.R. Kane obtêm um melting pot surpreendentemente coeso de diferentes expressões musicais: do jazz à distorção pura, do dub à dream pop, da música latina à música ambiental. Sob o véu negro que se derrama ao longo de todo o disco, é possível vislumbrar diferentes ambientes, sejam o torpor de "Scab", o desespero iminente de "Suicide Kiss, a languidez indisfraçável de "Spermwhale Trip Over", a cerimónia funérea de "The Madonna Is With The Child", ou o mais negro dos abismos de "Dizzy". No instante seguinte aos últimos segundos do derradeiro "Spanish Quay (3)", enfeitiçados e com um nó na garganta, vemo-nos irremediavelmente impelidos a carregar de novo na tecla do play.
Após a fruição de 69, sugere-se a exploração de "i", o duplo do ano seguinte que demonstra um claro desenvolvimento de muitas das ideias afloradas no antecessor. Deixa-se no entanto o aviso que um e outro podem abalar seriamente a vossa consideração pela "originalidade" dos TV on the Radio...
Recorrendo em igual medida aos instrumentos convencionais e às novas ferramentas tecnológicas para a feitura de 69, o primeiro álbum depois de um conjunto de singles promissores, os A.R. Kane obtêm um melting pot surpreendentemente coeso de diferentes expressões musicais: do jazz à distorção pura, do dub à dream pop, da música latina à música ambiental. Sob o véu negro que se derrama ao longo de todo o disco, é possível vislumbrar diferentes ambientes, sejam o torpor de "Scab", o desespero iminente de "Suicide Kiss, a languidez indisfraçável de "Spermwhale Trip Over", a cerimónia funérea de "The Madonna Is With The Child", ou o mais negro dos abismos de "Dizzy". No instante seguinte aos últimos segundos do derradeiro "Spanish Quay (3)", enfeitiçados e com um nó na garganta, vemo-nos irremediavelmente impelidos a carregar de novo na tecla do play.
Após a fruição de 69, sugere-se a exploração de "i", o duplo do ano seguinte que demonstra um claro desenvolvimento de muitas das ideias afloradas no antecessor. Deixa-se no entanto o aviso que um e outro podem abalar seriamente a vossa consideração pela "originalidade" dos TV on the Radio...
3 comentários:
Este já sabes que é favorito cá da casa...
ABraço
É pena que o disco custe uma pequena fortuna na net. Hás-de gravar-me uma cópia, sff. Ai se a ASAE lê este comentário... Abraço!
Ficas a saber que, quando vieres cá abaixo, tens uma cópia à tua espera. Abraço!
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