... agora com apreciação quantitativa! De zero a dez, e com intervalos de meia unidade, notas de forma alguma definitivas.
COMET GAIN Broken Record Players [Milou Studios, 2008]
Quinze anos de carreira, marcados por constantes mudanças de line-up e passagens por diversas editoras, não renderam aos Comet Gain mais que um culto diminuto. Esta compilação retrospectiva de singles pode agora servir de meio de aproximação a uma banda que tem feito da resistência a sua bandeira. Sem compromissos com qualquer família estética, abraçam a rudeza riot grrrl e o charme northern soul derivado dos Dexys Midnight Runners com igual afeição. Daí resultam temas assumidamente pop - no sentido estrito do termo - com leve aroma retro. Num mundo perfeito, a saltitona "Love Without Lies", ou as classicistas "Jack Nance Hair" e "If I Had A Soul" seriam sucessos massivos. [7,5]
THE JOY FORMIDABLE A Balloon Called Moaning [edição de autor, 2009]
Com o apetite aguçado por alguns registos em formatos mais pequenos, é com expectativas em alta a primeira abordagem ao álbum debute deste trio inglês. Com um ligeiro teor sombrio, não necessariamente miserabilista, nenhum dos seis temas novos consegue atingir os altos patamares do nossos conhecidos "Cradle" e "Austere", ambos recuperados para o longa-duração. No entanto, é com algum agrado que somos guiados pelos Joy Formidable numa viagem saudosista até às boas memórias indie pop no feminino de há 15 anos (Belly, Velocity Girl). [7]
THE MANHATTAN LOVE SUICIDES Burn Out Landscapes [Magic Marker, 2008]
Enquanto não chega um segundo álbum, este quarteto pioneiro da vaga revivalista noise pop oferece-nos uma colecção exaustiva de singles, raridades e radio sessions. Ingleses de Leeds, é com muita destreza que os Manhattan Love Suicides se movem por entre o fuzz dos Mary Chain e a sacarina twee da geração pós-C86. Ainda que nem todos os 27 temas estejam ao nível dos irresistíveis "Clusterfuck", "You'll Never Get That Guy", e "Kick It Back", na actual conjuntura, Burn Out Landscapes revela-se documento fundamental de uma banda talhada para altos vôos. [8]
VOLCANO SUNS The Bright Orange Years [Merge, 2009]
Da mesma cena de Boston que gerou bandas como The Lemonheads, Dinosaur Jr., ou Pixies, parece-me seguro dizer que nunca os Volcano Suns gozaram do mesmo mediatismo de alguns conterrâneos. Porém, num largo espectro que vai do grunge ao math rock, o seu legado tem deixado marca indelével na cena "alternativa" norte-americana das últimas duas décadas, tal como os Mission of Burma, a anterior banda do fundador Peter Prescott.
Alegadamente registado numa única noite de consumo pouco moderado de álcool, The Bright Orange Years foi, em 1985, o longa-duração de estreia na mítica editora Homestead e conhece agora a primeira reedição em CD, com remasterização a cargo de Bob Weston, baixista dos Shellac e engenheiro de estúdio de méritos reconhecidos. Nele podem ver reflectido o espírito da época: canções curtas e enérgicas, com igual afinidade com as famílias hardcore e indie-rock. Pensem nuns Replacements com uma dose excessiva de adrenalina, e terão uma imagem aproximada daquilo que este disco vos reserva. De entre os esperados extras (inéditos supostamente inacabados e faixas ao vivo), destaco uma versão, com tanto de inesperado como de caótico, de "1999" de Prince. Imprescindível para "estudiosos" e interessados no riquíssimo historial do underground norte-americano. [8,5]
Alegadamente registado numa única noite de consumo pouco moderado de álcool, The Bright Orange Years foi, em 1985, o longa-duração de estreia na mítica editora Homestead e conhece agora a primeira reedição em CD, com remasterização a cargo de Bob Weston, baixista dos Shellac e engenheiro de estúdio de méritos reconhecidos. Nele podem ver reflectido o espírito da época: canções curtas e enérgicas, com igual afinidade com as famílias hardcore e indie-rock. Pensem nuns Replacements com uma dose excessiva de adrenalina, e terão uma imagem aproximada daquilo que este disco vos reserva. De entre os esperados extras (inéditos supostamente inacabados e faixas ao vivo), destaco uma versão, com tanto de inesperado como de caótico, de "1999" de Prince. Imprescindível para "estudiosos" e interessados no riquíssimo historial do underground norte-americano. [8,5]
1 comentário:
Comet Gain gostei muito. O disco é algo desiquilibrado mas as compilações deste género costumam sofrer desse mal.
Joy Formidable apenas ouvi por alto e não me pareceu grande coisa. E confenso não me ter apercebido da sonoridade Belly por lá.
The Manhattan Love Suicides... o shoegaze e a adoração à melhor banda do mundo (Jesus and Mary Chain) estão mesmo em alta. Achei o disco suficientemente interessante para o ter ouvido algumas vezes e até o ouvi mais do que o disco dos Paind of Being Pure At Heart... mas entretanto apareceu-me por aqui That Ghost.
Volcano Suns não conheço. Por enquanto ;)
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