Motown 50 - Yesterday, Today, Forever [Motown/Universal, 2008]
Compilação comemorativa dos 50 anos do nascimento da Motown (então Tamla Records), principal pilar da afirmação da música negra nos Estados Unidos da década de 1960. Como o próprio nome indica, Motown 50 reúne aqueles que foram considerados - segundo votação on-line - os cinquenta melhores temas da história da editora fundada em Detroit. Como esperado, não falta nenhum dos incontornáveis do período de ouro de '60s e '70s: Marvin Gaye, Jackson 5, The Supremes, Martha Reeves & The Vandellas, The Temptations, Smokey Robinson, Stevie Wonder, Michael Jackson, Four Tops, etc. No fundo, falamos de clássicos. E os clássicos são sempre obrigatórios. Diria até, sem qualquer ponta de ironia, que a esmagadora maioria da música habitualmente abordada neste blogue empalidece na presença destes tesouros intemporais.
Dark Was The Night [4AD, 2009]
Nova compilação com a chancela da Red Hot Organization com o intuito de recolher fundos na luta contra a SIDA. Pela terceira vez, depois de No Alternative (1993) e Red Hot + Bothered (1995), e sob a supervisão dos gémeos Dessner (The National), procura tomar-se o pulso ao actual estado da nação indie. Porém, Dark Was The Night peca por falta de abrangência, ao centrar-se essencialmente nos grandes nomes do barroquismo pop que, nos últimos anos, tem chegado da América do Norte para gáudio de um público "adulto" pretensamente esclarecido.
Como é hábito neste tipo de compilações, os resultados são desequilibrados, embora o saldo final seja francamente positivo. Sintomaticamente, as surpresas mais agradáveis provêm das colaborações mais improváveis: David Byrne com os Dirty Projectors, Buck 65 com Sufjan Stevens, e The Books com José González numa inspiradíssima versão de "Cello Song", original de Nick Drake. Aos Spoon, Arcade Fire, e My Morning Jacket, pela nobreza da causa, exigia-se mais que eventuais "sobras". Na generalidade, os restantes envolvidos estão à altura daquilo que deles se espera, o que poderá ser o garante de bons resultados comerciais.
Como é hábito neste tipo de compilações, os resultados são desequilibrados, embora o saldo final seja francamente positivo. Sintomaticamente, as surpresas mais agradáveis provêm das colaborações mais improváveis: David Byrne com os Dirty Projectors, Buck 65 com Sufjan Stevens, e The Books com José González numa inspiradíssima versão de "Cello Song", original de Nick Drake. Aos Spoon, Arcade Fire, e My Morning Jacket, pela nobreza da causa, exigia-se mais que eventuais "sobras". Na generalidade, os restantes envolvidos estão à altura daquilo que deles se espera, o que poderá ser o garante de bons resultados comerciais.
War Child: Heroes [Astralwerks, 2009]
Terceira compilação com o patrocínio da ONG War Child com vista à angariação de apoios às crianças vítimas dos cenários de guerra. Composto na sua totalidade por versões, Heroes tem a particularidade de os intérpretes terem sido escolhidos pelos compositores dos originais.
Com alguma suspresa, o destaque vai todo para a mais jovem estrela da companhia: Lily Allen, com a colaboração de Mick Jones (guitarrista também na versão original), no soberbo "Straight To Hell" dos Clash. Em bom plano surgem também Peaches (The Stooges), The Like (Elvis Costello), Beck (Bob Dylan), e The Hold Steady a interpretar o magistral "Atlantic City" (de Bruce Springsteen, claro está!). Apenas satisfatórios, porque demasiado colados ao original, são Yeah Yeah Yeahs (Ramones), The Kooks (The Kinks), Duffy (Wings), e Estelle (Stevie Wonder). Já as radicais adaptações dos Hot Chip, com "Transmission" dos Joy Division, e dos TV on the Radio ("'Heroes'" de Bowie), são para mim, até ao momento, inclassificáveis.
Evitáveis eram as contribuições dos Franz Ferdinnd ("Call Me" dos Blondie gravado ao vivo), Scissor Sisters (Roxy Music), e Rufus Wainwright (medley de Brian Wilson), com estes dois últimos a exporem os seus piores tiques até ao limite do suportável. Em todo o caso, nenhum consegue ser pior que Adam Cohen com uma intragável versão em espanholês de "Take This Waltz", original de gosto duvidoso do pai, Leonard.
Pesem embora os acidentes de percurso, os melhores exemplos acima citados justificam a adesão à causa. Sobretudo por parte dos inscansáveis "caçadores" de versões em que me incluo.
Com alguma suspresa, o destaque vai todo para a mais jovem estrela da companhia: Lily Allen, com a colaboração de Mick Jones (guitarrista também na versão original), no soberbo "Straight To Hell" dos Clash. Em bom plano surgem também Peaches (The Stooges), The Like (Elvis Costello), Beck (Bob Dylan), e The Hold Steady a interpretar o magistral "Atlantic City" (de Bruce Springsteen, claro está!). Apenas satisfatórios, porque demasiado colados ao original, são Yeah Yeah Yeahs (Ramones), The Kooks (The Kinks), Duffy (Wings), e Estelle (Stevie Wonder). Já as radicais adaptações dos Hot Chip, com "Transmission" dos Joy Division, e dos TV on the Radio ("'Heroes'" de Bowie), são para mim, até ao momento, inclassificáveis.
Evitáveis eram as contribuições dos Franz Ferdinnd ("Call Me" dos Blondie gravado ao vivo), Scissor Sisters (Roxy Music), e Rufus Wainwright (medley de Brian Wilson), com estes dois últimos a exporem os seus piores tiques até ao limite do suportável. Em todo o caso, nenhum consegue ser pior que Adam Cohen com uma intragável versão em espanholês de "Take This Waltz", original de gosto duvidoso do pai, Leonard.
Pesem embora os acidentes de percurso, os melhores exemplos acima citados justificam a adesão à causa. Sobretudo por parte dos inscansáveis "caçadores" de versões em que me incluo.
7 comentários:
Sobre a primeira, não há nada a dizer, pois já faz as delícias cá em casa desde finais do ano passado, juntamente com o disco extra, com algumas versões. Estou a pensar comprar as outras duas compilações, bem como a "Guilt by Association vol. 2". Também sou um apreciador de (boas) versões. Abraço!
A da Motown só não chegou cá antes porque já estava "pedida" como prenda de aniversário :)
Isto das versões acaba por se tornar um vício, não é?
Abraço!
A da Motown é evidentemente boa , embora fase final seja algo decadente.
"Dark Was The Night" safa-se mas abundam os cantautores e muita folk e algum negrume excessivo.
A "War Child" possui algumas covers curiosas mas podia ser melhor. Apesar do meu elevado consumo de versões nem tudo se aproveita.
Já agora quem ainda for a tempo, o NME saiu com um cd de covers dos Cure, bastante desiquilibrado nos resultados mas pelo preço um tipo não se chateia.
Tens toda a razão em relação ao "Dark was the night": embora a causa seja muito séria, dispensava-se aquele negrume algo exagerado.
Sobre o "Heroes", e as versões em geral, também me parece que estamos em sintonia.
Já sabia desse cd do NME, mas já não fui a tempo :(
A compilação "Dark was the nigth" foi o primeiro disco de 2009 que adquiri e que me chegou na passada 6ª feira. Já o ouvi, em grande parte, e creio que é uma boa compra. Como me inclino bastante mais para a melancolia, será caso para dizer que o ar que por ali se respira vai de encontro aos meus sentimentos...
Quanto ao da Motown, já considerei gastar os cobres, mas há por ali algumas coisas que não vou à bola com elas, embora muitas outras sejam, de facto, divinais... talvez a maioria.
um abraço
Comprei as duas últimas no fim de semana passado. Sobre a "Dark Was The Night" tenho muito boa impressão. Sobre a "Heroes", já em conversa e audição com o Eduardo, chegamos à conclusão que muitos dos artistas originais colocaram a questão "Quem é que hoje em dia soa como nós?", e a resposta foram as escolhas dos intérpretes das versões. De uma forma geral, gostei das malhas. Abraço!
tenho que ver se deito a unha ao 'heroes'. Para motown ja me chega o Hitsville USA, e confesso que ando sem grande paciência para cantautores.
abraço
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